SOBROU ATITUDE, FALTOU AMOR

   Desde os tempos de colégio eu conhecia Aline. Ela era uma garota bonita que chegava a chamar a atenção da rapaziada. Em plena década de 1970 em cidades pequenas como a que eu morava as garotas sérias eram bem recatadas e também tímidas. Algumas ficavam coradas com os olhares ousados de quem as admiravam. Posso afirmar que Aline era uma exceção, era muito séria e bem compenetrada, na escola era muito estudiosa e aplicada, suas notas eram sempre altas. Eu era um ano mais velho que ela, só que eu não era muito dado aos estudos, confesso que era um pouco malandro e estava uma série atrás dela. Estava sempre devorando-a com os olhos, tanto na entrada como na saída das aulas, essa figura me impressionava pela sua beleza e sonhava agarrar aquele corpo escultural e fazer dela a minha namorada. A perfeição dela era completa, cabelos, rosto, sorriso, corpo e até o caminhar, além do seu jeito tímido e desconcertado diante dos olhares provocativos. Eu tinha pouca coragem de me aproximar dela mesmo ela não me dando incentivo para minha investida, mas imaginava uma maneira de fazer isso.

   O tempo foi passando e finalmente eu consegui reunir forças para enfrentá-la, justamente quando Aline estava para concluir os estudos, eu não queria perdê-la de vista, pois ainda ficaria mais um ano na escola. Conversamos seriamente e ela acabou cedendo aos meus galanteios que não sei onde fui encontrá-los. Foram quase cinco anos entre namoro e noivado e nesse período ela se formou em Agronomia depois de cursar em uma faculdade, enquanto eu, aos trancos e barrancos, me entrosei na área de informática e consegui montar uma pequena empresa que dava assistência técnica a bancos e empresas, o que me rendia um bom lucro, mas que não chegava nem na metade do que auferia Aline como engenheira agrônoma, o que a obrigava muitas vezes a viajar e passar dias fora do Estado. Mas eu me desdobrava para lhe oferecer o melhor para ela, eu a amava com todas as forças do meu coração. O dinheiro dela só interessava a ela, que investia no que fosse do seu agrado.

   Casamos e fomos morar em um belo apartamento e eu era a felicidade em pessoa. Eu lhe fazia todos os mimos e até dos serviços domésticos eu lhe poupava, meu amor era maior do que qualquer coisa neste mundo. Mesmo diante de toda a minha atitude e do empenho do meu amor o nosso casamento não seguiu o ritmo que eu esperava. Eu comecei a notar a frieza de Aline e com dois anos de casamento tivemos que nos separar, não por minha decisão, mas por vontade dela, o que me causou um grande sofrimento. Fiz todo o possível para vivermos em harmonia, dei-lhe tudo que estava ao meu alcance, mesmo ela não precisando, além do meu amor, mas não fui compreendido. Sobrou atitude de minha parte, mas faltou amor da parte dela. E o meu destino foi amargar a tristeza da separação.

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N.B.: Conto baseado na história SOBROU AMOR, FALTOU ATITUDE, de Nana Gonçalves, com um desfecho diferente. Como vêem, o título foi alterado.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 11/06/2022
Reeditado em 11/06/2022
Código do texto: T7535630
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