À ESPERA DE UM PRÍNCIPE

A menina era simples, tinha poucos amigos, mas era triste, se sentia sozinha e sonhava com um grande amor. A sorte não lhe favorecia, o que a desagradava muito. Imaginava um príncipe encantado vindo em sua direção para namorá-la e casar-se com ela. Esse era o seu sonho. Um sonho de menina.

Morava em uma casa do interior onde se via a imensidão da natureza, terras a se perderem de vista e uma longa estrada. Ali seu pai trabalhava nas terras de um grande fazendeiro. Ela ficava horas a fio olhando aquela estrada e esperando que um lindo príncipe que povoava sua cabeça viesse até sua presença e a cortejasse, era um pensamento quase infantil em uma jovem de seus mais de vinte anos. Era um sonho de quase toda moça bobinha.

Certa tarde lá estava ela no apendre da casa a esperar o tal lindo príncipe encantado. E lá vinha ele montado em um cavalo branco, a poeira levantava com o tropel do lindo animal, com certeza o seu desejo foi atendido. Ela sorriu satisfeita, sentiu-se feliz e ficou no aguardo de sua chegada. Como a estrada era longa a ansiedade tomou conta dela, com o momento da sua aproximação, deixando o tempo passar, sempre atenta para ver o rosto do rapaz. Ainda faltava muito mas deu para ver seu rosto e realmente era um príncipe lindo, bem vestido, muito elegante. Olhou suas próprias vestes, ficou confusa, mas não tinha outra melhor, mas pensou, se conformou, afinal o príncipe iria entender que era uma moça pobre e que casaria com ela do jeito que era. Num ímpeto correu para dentro de casa para se olhar no espelho e teve uma triste surpresa, ela estava bem mais velha e dava para se ver as rugas em seu rosto. Soltou um grito e fechou os olhos, teve vontade de chorar, mas se conteve, pois o príncipe estava chegando e não queria decepcioná-lo. Abriu os olhos e deu mais uma olhada no espelho, seu rosto estava normal, era aquela moça bonita de sempre. Abriu um largo sorriso e correu de volta para o alpendre. Ninguém vinha mais pela estrada, o príncipe encantado simplesmente sumiu, se encantou. Nem mesmo a poeira do cavalo se via. Ela chorou. Mas vai continuar esperando, um dia ele vem.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 08/06/2022
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