(...)

O trabalho da polícia era descobrir quem era aquela criança. Coletaram amostras de DNA e procuraram nos bancos de dados da cidade informações de potenciais parentes. Fizeram também uma varredura a hospitais e clínicas da cidade afim de levantar dados sobre parturientes que deram à luz no dia anterior.

 

Não havia indício algum do desaparecimento da criança. Não foi vista nenhuma gestante na região e nenhum corpo foi localizado. A criança foi encaminhada para o serviço de segurança e defesa da cidade e levada para um hospital público onde seriam realizados exames para verificar se havia sofrido maus tratos e as condições de saúde. Como o hospital da cidade não oferecia os recursos definidos como cruciais, a criança foi levada para o Kansas, onde seria recebida num hospital referência.

 

Os médicos aguardavam a transferência da criança que provisoriamente recebeu o nome de Phill, afim de promover sua inscrição nos orgãos administrativos do Estado, para que tivesse acesso aos seguros financiados para atendimento de urgência, em casos de tutela.

 

Phill deu entrada no hospital central do Kansas. A equipe médica levou-o para a sala de exames de imagens com o intuito de apurar eventuais sequelas de maus tratos ou qualquer problema que pudesse gerar dúvidas quanto a expectativa de vida do pequeno.

 

O menino foi revirado de cabeça para baixo. Nada, absolutamente nada poderia justificar a recusa da criança por questões de saúde e ou implicações que causassem certo pânico e dessem um norte para a investigação do caso.

 

A médica Lucy, chefe da equipe sugeriu que o menino ficasse mais um dia. Para que fossem feitos outros exames, entre eles a coleta de DNA para levantamento de todas as informações genéticas do organismo do paciente e envio para as delegacias de polícias do país.

 

No dia seguinte, a equipe liderada pelo geneticista Tinder Old coletou as amostras necessárias para o exame e as encaminhou para o banco de dados, afim de que, quando prontas, pudessem fazer parte do acervo da DEPOL do Kansas.

 

Na sala dos residentes, estavam Fran, Sarah e Dom. Os três etavam em fase inicial de trabalho, curiosos e eufóricos, ao entrarem com os dados no sistema de captação de informações, de sigilo absoluto do hospital, resolveram brincar com a nova linhagem, referente à coleta de Phill, que sequer conheciam e como era de outro estado, tinham certeza de que não encontrariam nenhuma semelhança nas informações genéticas.

 

Primeiro compararam o DNA da criança com Fran, mas nada de especial foi encontrado, apenas 2% de probabilidade. Depois, fizeram o mesmo com as informações de Dom. 0% de probabilidade. Estavam todos rindo muito, afinal, era uma arte cultural das turmas ter atitudes feito estas. E como a euforia não acabava, entraram com os dados de Sarah. E para surpresa e angústia da turma 99,99% de probabilidade de as informações genéticas serem idênticas.

 

Sarah entrou em desesepro e levantou-se pedindo aos meninos que refizessem o teste. E novamente a resposta foi a mesma.

 

- Como isso pode acontecer? Deve ter algo errado. Vou falar com o professor.

- Mas como va falar com ele se é proibida essa praática dentro do hospital. Seremos banidos como estagiários e corremos o risco de perder nossas carteiras de residência médica.

- Mas não posso pemitir que isso fique assim. Eu sou irmã, mãe, filha, sei lá o que dessa criança. Os dados estão errados, com certeza.

 

Sarah saiu da sala direto pelo corredor até onde estaria o geneticista chefe do hospital. Lá chegando, contou a ele sobre o ocorrido, pediu desculpas, mas não podia aceitar um erro na fragmentação tal como esse. Disse que estaria em jogo a reputação do médico e, consequentemente, a sua. 

 

O médico surpreso com a descoberta, foi até a sala de apoio e levantou novamente os dados chegando à conclusão de que não tinham erros de coleta. Sarah sugeriu que usasse as informações genéticas do irmão Renew, também médico, que trabalhava no hospital para espantar as dúvidas. E o médico, sem pensar, usou o DNA de Renew e perplexo olhou para Sarah, pois ali surgia um grande problema. Não haveria contestação. Eram de fatos irmãos.

 

(...)

Sarah foi amparada pelos amigos. Estava decepcionada com o pai. E pior, não poderia esconder de sua mãe. Ligou para o pai que não atendeu. Ela nunca atendia. Sempre ocupado. Ligou pro irmão Renew e também não atendeu. Ligou para mãe que atendeu prontamente:

 

- Filha, o que houve?

- Mãe. É que... 

- Filha. Está tudo bem?

- Tudo, mãe. Amanhã conversamos.

 

A mãe ficou preocupada. Sarah nunca tinha ligado do hospital. Mas era preciso esperar o dia seguinte.

 

(...)

 

 

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 25/05/2022
Reeditado em 25/05/2022
Código do texto: T7523854
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