Fim da estrada
Acordei mergulhada em dúvidas.
Não! em certezas!
Todas elas em relação a ti, a pessoa que ti tornaste com o passar dos anos. Não és nem de longe o homem que conhecí, que aprendi a amar, que conquistou-me com o seu jeito tímido.
A vida que conquistaste nestes anos todos não foi vida; foi dinheiro. Dinheiro que comprou, subornou e eliminou muita gente. Só a mim não conseguiste comprar, porque eu ti conheço por dentro, conheço toda gana por poder que foste acumulando com o passar dos anos. Só eu sei o tanto que tiveste que perder para seguires nesse caminho tortuoso e sem volta. Só eu mesma conseguiria apaziguar tantas confusões criadas por ti que não surtiram qualquer efeito senão o dinheiro.
Hoje eu ti vejo só, velho, acabado, sem condições psíquicas de administrar o imenso patrimônio que tens. Sem visão, audição e mesmo percepção estás em cima de uma cama olhando para o nada, como se nada mais tivesse sentido. Viraste nada.
E agora, quando precisas de mim eu não o quero mais. Estou à deriva em alto mar, também velha e sem energia para navegar até o continente mais próximo.
Hoje consigo enxergar que o meu fim está sendo abreviado por pura ausência de atitude.
E, infelizmente, eu também virei nada.
Rosalva
24/05/2022