Aquela Matadeira
Então era aquela a Matadeira? Canhão usado pelos macacos malditos do exército, pensou Juvêncio do Arreio. Não parecia esse bicho todo que estavam pintando. Mas destruía mesmo. Destruía arruinando tudo ao redor. E olhar de perto o seu cantinho vir a baixo doía no coração. Doía mesmo.
A casinha do velho Juvêncio subia a ribanceira do rio Vaza Barris. Arrodeado por três pés de xique-xique de frente a um flamboiã frondoso. Morava só. Mas da solidão não vivia. Seus amigos eram do tamanho de seu Belo Monte. O arraial do bom Conselheiro. Morava lá porque disseram que tinha vantagem. O jagunço Manelito falou que sua casa era boa, pois dava pra vê aqueles cabras do cão chegando. E já foram vencidos foi três vezes! Então era lá o seu lugar. Pois sabia sinalizar que era uma beleza. Era o farol do vilarejo. Mas não soube dizer exatamente o que lhe mexeu direito. Parecia que a guerra estava acabando, mas não era um bom presságio...
Esse pensamento lhe passou foi rápido. E o céu estava com uma cor estranha. Seu Belo Monte vinha a baixo com a violência dela: da Matadeira. Medo seu Juvêncio não tinha. Mas ela lhe olhou de rabo de olho: a Matadeira. E com seu olhar sereno - como que repleto de toda a sabedoria do mundo – partia dessa vida. Mas esse gostinho ele não deu a ela. Partiu antes que atirasse.
Uelber Aquino