A VIÚVA NEGRA DO PINDARÉ – PARTE III

Vendo que o homem estava animado, Pinho, que estava com vontade de conversar, perguntou: -Afinal, quem diacho é esse Baixinho?

-Tudo começou em 1963, eu tinha 33 anos, lá no Pindaré, eu era carroceiro nessa época, ocasião que eu conheci uma mulher bonita, a mais formosa lá do povoado de Pilão Furado. Oh mulher! O pai dela tinha um cabaré na metade do caminho entre Pilão Furado e Pindaré, coisa de 8 quilômetros. Ela trabalhava ajudando a mãe na cozinha do cabaré que atendia os “peão” da redondeza. O nome dela era Elisa, Elisa Mata Galo, o apelido foi ganho aos dez anos, quando num acesso de raiva Elisa matou, a golpes de facão, o galo de estimação do seu pai. Um galo de briga campeão. Depois disso, aos 15 anos Elisa matou a tiros de espingarda calibre 20 o bode de um vizinho que passara o dia berrando pelas imediações deixando Elisa agoniada.- O velho Interrompeu o relato levantando a mão direita na qual em um dos dedos havia uma aliança, para qual olhou fixamente dando um longo suspiro.

Enquanto o sol começava a declinar no horizonte, com seus raios vespertinos deslizando pelas brechas entre as cumeeiras dos telhados das casas próximas e as folhas das partes inferiores das mangueiras da praça o velho abriu um sorriso e reiniciou o relato.

-Um dia fui fazer um frete para o pai dela, que havia comprado umas mercadorias no comércio do Pindaré. Para descarregar eu entrei com a carroça, por um portão lateral do prédio, indo para os fundo da propriedade, parando próximo à cozinha onde vi Elisa pela primeira vez. Ela estava numa janela grande onde do lado de fora havia um girau sobre o qual repousava um monte de louças que Elisa lavava uma a uma assobiando um xote de Luiz Gonzaga.