Naquele pequeno povoado, tudo parecia mágico; o sol parecia mais dourado, e mesmo os dias cinzentos traziam um verdadeiro quadro emoldurado pelas montanhas. Na bicicleta, com seus cabelos ao vento, Lara parecia curtir cada pedalada indo para a escola. Passando pela Padaria do Sr. João, ouviu um grito:       - Ei  Pomba, me dá uma carona?
Parou de repente, tirando sua mochila amarrada na rabeira da bicicleta. 

- Sobe ai Fábio!
O menino subiu, abraçando sua pequena cintura. Era aquele seu amigo de longas conversas e ele simplesmente adorava Lara. Cresceram juntos naquele povoado, como irmãos. Na verdade, não havia ninguém que não gostasse dela. Era popular na escola, mas não que fosse um tipo de beleza; tinha olhos grandes que sempre estavam abertos olhando diretamente para o rosto de quem falava. Parecia ter vida dentro deles, e foi-lhe dado o apelido de “pomba” por estar sempre procurando paz. Pousava nas discussões suave, num vôo leve,  fazendo as mediações com doçura. E seu segredo era sempre tentar ser gentil, levando paz e amor, através de seu pouso intuitivo.

Mas foi Fábio quem inicialmente lhe atribuiu esse apelido.  Menino religioso, havia lido a passagem bíblica sobre a história da arca, quando Noé enviou uma pomba para ver se havia terra ou se havia algum sinal de sua existência. E, dias depois, ela voltou com um galhinho verde no seu bico, significando que havia  encontrado vida. Fábio a compara com Lara: como ela, seu segredo era ser humilde, com pouso leve, trazendo paz.

E, numa analogia, como a pomba trazendo esse galhinho verde no bico, Lara sempre trazia vida para onde fosse.

Tema: O segredo da pomba

Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 03/05/2022
Reeditado em 03/05/2022
Código do texto: T7508431
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