A VIÚVA NEGRA DO PINDARÉ – PARTE I

Romualdo Pinheiro Neto, era Alagoano, do interior do estado, filho de um encarregado, trabalhador num engenho de açúcar na região da Ribeira do Capiá, cujo avô fora um dos mestres de obras na fundação desse tal engenho, o primeiro da região com equipamentos importados da Holanda, no início do século XX.

Romualdo atendia pelo apelido de Pinho, diminutivo de Pinheiro. Pinho vivia em Dom Eliseu no século XXI, ano de 2010, tinha 45 anos, optara por ser barbeiro depois de concluído o ensino médio. Pinho saíra de sua cidade natal, um povoado perdido nas Ribeiras do Rio Capiá, no sertão alagoano. Pinho se jactava que seu povoado nativo ficava a beira de um dos maiores rios do estado de Alagoas, todavia Pinho guardava um segredo, não sabia nadar, segredo esse que ele só contava para os amigos de fé e pedia sigilo.

Naquele final de segunda-feira, início dos anos 90, Pinho, em sua barbearia, na esquina da Rua Jarbas Passarinho cruzando com a Duque de Caxias, meio entediado na tarde, olhou para a rua lá fora, onde do outro lado via-se uma praça, e num banco sentado, um senhor já pra lá dos sessenta e poucos anos. Há dias que Pinho avistava aquela pessoa, sentada sempre solitário, naquele mesmo banco. Um sentimento de piedade tomou conta de Pinho, em meio ao seu tédio, sentiu vontade de conversar com o ancião, assim resolveu sair da barbearia, indo ter com o velho, na praça, do outro lado da rua, nas sombras das mangueiras ali presentes.

-(Prossegue, breve, próximo capítulo.