Duas e quarenta e duas da manhã…
Estou sonhando…?
Estou parado em frente ao estacionamento da festa. Os carros passam me atravessando como se eu fosse feito de vento… Uma mulher de vestido preto, olhos grandes e estranhos, também pretos… como uma híbrida entre coruja e um tipo – muito esbelto – de humana, se aproxima de mim sorrindo… Eu observo calado. Percebo que não posso me mover e ela para com o rosto colado no meu, e diz: “Sua garotinha… está morta…”. Três horas da manhã em ponto eu acordei num susto, gritando na mesa. Levantei e fui andando em direção ao banheiro das mulheres. Parecia estar louco, mas estava sendo guiado. Comecei a correr, tentando me desviar das pessoas; Todos olhavam assustados e alguns caras faziam ameaças. Parei na porta do banheiro feminino, ofegante… por alguns minutos tive dúvidas quanto minha sanidade. Foi então que um grito fino ecoou lá de dentro. Olhei em volta, ninguém tinha ouvido. “O QUE EU FAÇO?!” Tentando não pensar demais, entrei. E lá estava minha paquera sem nome. Seu vestido estava vermelho de sangue… Seus olhos tinham sido brutalmente arrancados. Um punhal preto atravessava seu papo, terminando acima da língua, deixando-a paralisada num grito de horror. Era grotesco… Nunca senti tanto medo na vida e creio que nunca corri TANTO também… Em poucos minutos já estava numa rua vazia, longe da festa, de modo que nem ouvia a música. Acho que corri durante uns trinta minutos sem parar… sem olhar pra trás. Estava sozinho na rua e havia pouquíssima luz. Um táxi veio passando por mim lentamente… Exausto, acenei pedindo socorro. O carro foi encostando ao meu lado e o vidro se abriu…Era ela!! a CORUJA DO SONHO!! Caí pra trás amedrontado e confuso. Ela gargalhou e seus olhos pretos me fitaram satisfeitos… O vidro se fechou, o táxi acelerou com força levantando poeira e sumindo. Comecei a chorar… Não sei por quanto tempo fiquei ali sentado. Meus amigos chegaram buzinando e gritando. Estavam muito preocupados. Provavelmente souberam do assassinato no banheiro… Me puseram no banco de trás e me deram água. Nada disseram… E nada foi dito durante todo o caminho de volta…