QUANDO MEU AMANHÃ CHEGAR
Naquela noite, ela aproximou-se acompanhada por uma senhorinha que se postou perto da porta. Estávamos numa sala grande, muito bem iluminada, de cor clara – talvez branca, talvez gelo –, e sem qualquer espécie de mobília. A menina – com seus 13, 14, 15 anos, não sei – correu para mim envolvendo-me num muito bem apertado abraço:
- Te amo! Estou com muita saudade de você. – Disse chorando.
Apertei-a ainda mais, estreitando-a fortemente em meu afeto.
- Também te amo. – Respondi com olhos e alma encharcados por lágrimas.
Mas era para ser uma curta reunião. Por trás dela, a senhora, que entendi ser algum tipo de guardiã, sinalizou indicando o fim do encontro. A moça, que igualmente percebera o gesto, retrucou:
- Não quero ir.
- É preciso. Você não pode ficar aqui. Quando chegar a hora, nos encontraremos novamente. – Aleguei convicto, mesmo sabendo que seu distanciamento me deixaria melancólico por alguns dias: “Sim, amo muito aquela menina.”
Nos abraçamos de novo, trocamos mais algumas palavras de amor e carinho e ela começou a afastar-se.
Olhei para a senhorinha e com o coração dolorido por antecipadas saudades, agradeci por me ter proporcionado a visita daquela pessoa que, com certeza, é muito valiosa ao meu espírito, e supliquei:
- Por favor, toma conta dela por mim.
Acordei!
ooo
E é isso que me mantem, apesar dos tropeços, das dores, do cansaço e, muitas vezes, do desânimo, em movimento. A certeza de que quando meu amanhã chegar – quando soar a hora de voltar para casa, pessoas que muito me amam esperam por mim.
ooOoo