DA PAZ, A GATA, e A PANTERA ( parte 3)
DA PAZ, A GATA, e A PANTERA ( parte 3)
E isso era a pura verdade, Da Paz tinha um bom cargo, ganhava relativamente bem, mas não era um alto salário que permitisse extravagâncias, tinha o seu apartamentinho na praia, seu carro era popular e já tinha alguns anos, e ele se virava nos trinta para dar conta do recado, para equilibrar o orçamento. Mas, sonhar não paga imposto, e ele se permite a fazê-lo, e também, viver fantasias não é nenhum pecado!
Um dia ele cria coragem e convida a Gata-de-olhos-de-mel para almoçar, sei que você não vai se surpreender sabendo que ela aceitou numa boa! Conversam banalidades, trocam ideias sobre a nova campanha publicitária da empresa, e depois da sobremesa os olhos de Da Paz não conseguem fugir do visgo da meiguice daqueles olhos de mel,(nem lembra da insulina).Quase que automaticamente, sem perceber, Da Paz segura as mãos da gata, e nota que ela estremece e arrepia da cabeça aos pés, abre o seu sorriso de anjo (se é que anjos sorriem), e continua a olhar fixamente para ele, com aquele olhar mágico que não preciso mais descrever.
Nos dias que se seguem, (aliás foram uns três meses, afinal Da Paz é das antigas) os almoços passam a ser rotina, e as conversas ficam cada vez mais íntimas, em pouco tempo ele sabe tudo a respeito dela. Foi criada pela mãe, tem três irmãos, e mais uma irmã por parte de pai, mora no arrabalde da periferia. Seu primeiro amor, o único homem da sua vida (segundo ela), está do outro lado do mundo, na terra do sol nascente. Faz quase um ano que ele partiu, e eles haviam brigado um pouco antes da viagem, coisa assim meio besta, sem explicação, e como nenhum dos dois quis dar o braço a torcer, o assunto ficou pendente.
Mas ela ainda o ama, e não transou com ninguém (jura que é verdade), depois da sua partida, tem esperança de que quando ele voltar, eles se acertam de novo. No trabalho ela é assediada constantemente pelos gaviões de plantão da empresa, (aqueles que olham para as mulheres como se estivessem olhando para um pedaço de carne pendurada no açougue), mas ela sabe jogar muito bem o jogo da sedução, e descartar os inconvenientes quando necessário.
Em pouco tempo Da Paz fica sabendo tudo sobre a Gata, inclusive, das ansiedades, e das dúvidas que pairam pela sua cabeça Mas, como eu já disse Da Paz é da antiga, tipo o último romântico, e, aos trancos e barrancos vai mantendo os pés no chão, muito embora seus sonhos andassem passeando pelas nuvens de algodão de mãos dadas com um anjo
continua)