ELA CASOU COM MEU MELHOR AMIGO

   Ela chegou e foi logo se enturmando, esbanjava simpatia e parecia que já estava conosco há muitos anos. Eu e minha turma de adolescentes dos anos setenta já estávamos acostumados com o nosso ritmo de vida, ou seja, praia aos domingos, "assustados", festas em clubes, tudo programado com antecedência, tudo maravilhosamente vivido por essa turma de garotos e garotas na faixa etária de 18 anos, o mais velho da turma era o Paulo, com 21 anos, mas se comportava como um meninão. Era quem nos dava a dica dos "assustados" que geralmente eram nas noites dos sábados, nada melhor do que essa curtição. Para quem não imagina o que seja "assustado", eram festinhas de aniversário, na própria residência, de algum membro da turma ou até de um conhecido nosso que não era enturmado. Um convidado poderia levar outro e a gente se divertia prá caramba com uma bebidinha e muita música. Mas vamos falar da nova integrante da turma, seu nome me chamou muito a atenção, Nataly. Se mudara há poucos dias para o nosso badalado bairro, cheio de barzinhos e onde tínhamos dois clubes sociais para nos divertirmos. Nós a recepcionamos com muita alegria e satisfação, quanto mais gente melhor, principalmente em se tratando de uma moça bonita e muito dada. Adoramos a sua entrada para o nosso meio social.

   Numa tarde de uma segunda-feira eu vi o Paulo um pouco triste, ele era o meu melhor amigo, nos dávamos muito bem. Ele me falou que precisaria viajar para São Paulo, tinha uns problemas familiares para resolver, mas não deu muitos detalhes, só disse que era coisa de herança. Dois dias depois ele viajou e nós perdemos contato. Os folguedos da turma continuaram e Nataly era o centro das atenções, começou a freqüentar festinhas conosco, tanto em "assustados" como em clubes e um clima entre nós estava se formando. Num sábado a noite em um clube do bairro fomos nos divertir, tinha um conjunto musical que ia se apresentar e nele tocava um amigo meu do colegio. Lá estávamos nós, eu e a turma, também a Nataly, que "grudou" em mim. Eu estava adorando. Dançamos várias músicas românticas e num determinado momento nos beijamos. Foi maravilhoso. E esse beijo selou o nosso namoro que durou alguns meses. Posso dizer que fiquei "caidinho" por Nataly, ela me completava, era a segunda namorada firme que tive. Foi numa noite de uma quarta-feira quando nos desentendemos por bobagem e o namoro acabou. Não sei se isso foi um pretexto, mas coincidentemente a familia dela teve que viajar para São Paulo e ela teria que ir, é claro. Perdeu-se o nosso contato, da mesma forma que perdi o contato com Paulo, meu grande amigo que não deu mais notícias.

O tempo passou, fiquei um bom tempo sem namorar só pensando em Nataly, mas chega uma hora que a gente tem que sair da "fossa" (tristeza por causa de amor) e então arranjei uma namorada. Nos firmamos, o tempo foi passando, aquelas reuniões da turma foram espaçando e eu me vi somente com Suely, que se tornou minha noiva. Com mais um certo tempo nos casamos e tivemos dois filhos. Nataly ficou completamente apagada da minha vida, mesmo de vez em quando eu lembrando dela.

Certo dia, quando eu conversava com um antigo amigo dos tempos de juventude, o Kléber, ele me confidenciou que o Paulo havia chegado de São Paulo com a esposa. Fiquei feliz e manifestei o desejo de revê-lo.

- Diz quem é a esposa dele? - falou o Kléber.

Surpreso ouvi o amigo dizer que era a minha ex-namorada que tinha ido para São Paulo, a Nataly. Aquilo me deu um certo abalo emocional, mas consegui me concentrar, afinal eu já estava casado e tinha minha família. Dias depois encontrei o meu amigo Paulo, com ele estava sua esposa Nataly, que me sorriu meio acanhada. Eles tinham se encontrado lá no sul, se foi coincidência ou não eu não sei dizer. Lá mesmo namoraram, casaram e tiveram uma filha. Estavam de volta ao nosso bairro definitivamente.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 20/04/2022
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