_____________________ É O BICHO!
— Qual é o tema de sua vida? — à pergunta da amiga Lete, Vilana nem pestanejou:
— Menina, meu tema é o azar!
Lete riu, mas concordou. Não ia discutir o óbvio. Vilana era mesmo a pessoa mais sem sorte do Planeta. Ainda bem que levava na esportiva:
— Pra começar, Vilana é lá nome de gente? Já quase me chamaram de vilã. Veja só!
Vilana não deu sorte para casar, Rubão não valia um tostão! Não deu sorte no emprego, sem trocadilhos infames, Agente Funerária era osso duro de roer; não deu sorte na família, o pai era um Dom Juan; a mãe, cabeça de vento e o irmão, da turma dos bad boys. Apesar dos pesares, a moça nunca desprezou a sorte. Aventurou-se pelo mundo do jogo e jurava de pé junto que as coisas iam mudar. Deus devia ter-lhe reservado algo de bom, não era possível!
Na segunda de manhã, antes de seguir para a Casa Funerária, Vilana passou no QG de Seu Carlim, bicheiro forte da região, para fazer uma fezinha. E foi com fé, que fezinha sem fé era melhor nem fazer.
— E aí, dona Vilana, hoje vai ser o quê? — perguntou o homem todo animado.
— Vou de 25, vai dar vaca na cabeça! Bota aposta na milhar!
— Vai dar vaca, dona Vilana, tô sentindo! Isso, se não der zebra! — Seu Carlim endossou, juntando uma piadinha.
— Pé frio que sou, é bem capaz de eu apostar na vaquinha de manhã, e de tarde a danada ser declarada animal em extinção! Vá vendo, Seu Carlim!
À boquinha da noite, depois de apurado o jogo, a notícia correu: tinha dado vaca! E a bolada ia ser tão gorda quanto o próprio bicho! Daquela vez a vaca não fez feio, cedeu o brejo ao azar.
Tema da semana: O tema foi pro brejo. (conto)