Luzia saia de manhã para seu passeio na praia. Antes de ir a escola, gostava de andar na beira do mar. Na inocência de seus 11 anos, descalça, ia colecionando as conchinhas e colocando-as em um saco plástico. Quando as ondas branquinhas molhavam seus pés, ouvia a voz  de sua mãe dizendo: "espuminha de toddy!"

Naquele tempo não havia o perigo de hoje;  tranqüilamente, saia de casa, atravessava algumas ruas, e lá estava ela olhando para a imensidão do oceano. Uma cidadezinha linda e pitoresca, com praias magníficas, que ainda não haviam sido descobertas por jornais ou revistas. Havia uma floresta  que parecia coisa de filme: tudo verdinho, e no meio dela um riacho de águas transparentes. 

Em certos dias o radinho de pilha anunciava que faltaria luz, e essas eram suas noites preferidas. Seu pai, na hora do almoço, dizia: “Hoje tem noite de breu”, e todos sabiam o que isso significava. Saiam de casa com lanternas,   de mãos dadas, e sentavam-se na muretinha da praia para olhar a beleza daquele céu recamado de estrelas. Nessas noites, havia um silêncio doce e uma paz inexplicável que os envolvia.

Hoje, já adulta, Luzia, quando pratica suas meditações, entra naquela floresta e senta a beira daquele riacho onde,  em sua margem, sentia os peixinhos vermelhos fazendo cosquinhas em seus pés e ouvia o gorgeio dos pássaros que acalmava sua alma.

E termina suas orações com a noite de breu: deitada em sua cama, e de olhos fechados, projeta no teto de sua alma aquele céu bordado de estrelas. 

 

Tema: Conto "Noite de Breu"

 

Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 12/04/2022
Reeditado em 13/04/2022
Código do texto: T7493537
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