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Mimetismo Felino (BVIW)
- Dormir, aquelas pequenas fatias da morte, como as odeio...
- Corta.
Grita o diretor.
- Edgar, o que está acontecendo? Não sinto emoção em suas falas, e não me venha dizer que o roteiro é ruim, é Allan Poe, cara, lembra?
- Desculpe Alex, mas é trágico demais, tem muitos ranços, penumbras, desilusões, não sirvo para esse papel, talvez você precise procurar outro ator.
- Olha, faz assim, paramos por hoje, vai para casa, descansa e amanhã retomamos os ensaios.
Edgar então, seguiu para casa. A noite estava mais escura do que de costume. O breu tomava conta das ruas de Boston, não havia ninguém nas estações de metrô, tudo estava absurdamente silencioso. Um calafrio lhe percorre a espinha no mesmo instante em que um gato preto cruza seu caminho, sentiu-se perturbado.
- Quem sabe se eu emparedasse esse gato minha inspiração desse um salto...
Nesse momento o gato emite um grunhido pulando em cima de Edgar e desaparecendo. Edgar sacode a cabeça como se quisesse voltar para a realidade.
- Credo, que pensamento louco.
No outro dia o ensaio fluiu.
- Tudo que vemos ou parecemos não passa de um sonho dentro de um sonho...
- Bravo, bravo, agora sim. Caramba, parece até que você incorporou o espírito de Poe, perfeito!
Edgar satisfeito, deixa escapar um miado de felicidade!
Sandra Laurita
* Tema proposto: Noite de Breu (conto)