Tenório, braço de ferro do Coronel Elelter, foi empossado "ad doc" pelo então tio nas Forças Armadas. "É um menino de ouro", dizia Elelter, enaltecendo suas qualidades. Silencioso que só e obediente às ordens, nunca recebera nenhuma advertência: um exímio profissional! Incapaz de contrariar o tio.
Acontece que Elelter tinha um filho, prenúncio de desastre. Tudo que Ivair tocava virava pó. Tentou Elelter ajudá-lo, dando-lhe oportunidade para estudar, mas acabou sendo expulso do colégio; ofertou-lhe terras para agricultura, mas acabou se endividando e voltando para o ninho da mãe Vanilde: "uma Santa Mulher" como dizia: "debruçava a barriga no fogão para saciar a nossa fome. As panelas viraram decoração sobre o fogão, sempre dipostas para receber. O avental feito de algodão plastificado com desenhos de galinhas e filhotes, compunha sua melhor vestimenta". Toda terça-feira fazia um jantar para que Tenório, Elelter e Ivair pudessem se divertir jogando cartas. Enchiam a cara com cachaça e ali dormiam! Mas naquela noite, Ivair estava agitado, estranho. Contou a Tenório, quem se tornou seu principal confidente, que tinha perdido a casa num jogo. O amigo que temia a reação do pai, decidiu ajudá-lo, guardando o segredo. Mas em meio à bebedeira, Ivair não se conteve e dedurou-se a si, dando altas risadas, O pai que já o rejeitava por suas atitudes, passou a ofendê-lo duramente diante de Tenório. A conversa mudara o rumo e embora Tenório tivesse consciência da perda da capacidade pelo excesso de bebida, decidiu voltar à sua casa. Saiu pela estrada, naquela noite de breu, mas pouco depois de pegar a estrada sentiu uma dor cortante e gritou. No dia seguinte, seu corpo fora encontrado com 42 perfurações. A família de Tertuliano procurava vestígios do crime. O senhor Elelter ao lado de Ivair, que teria se tornado seu principal companheiro, passava dias e noites procurando uma resposta para tamanha crueldade. A polícia permanecia em silêncio porque as investigações seguiam em segredo de justiça. Até que numa tarde em conversa regada à cachaça, Elelter nostálgico, passou a descrever sua linda história com o sobrinho para Ivair. Abraçado ao filho, chorou ao falar dos 41 anos que viveu Tenório. Mas Ivair, exaltado pela bebida, o retrucou dizendo que eram 42, como a quantidade de facadas dadas em seu corpo. Em silêncio, o coronel Eliezer levantou-se, olhou-o nos olhos e pediu que o esperasse por um instante. Entrou na casa, ligou para a polícia e caiu no chão em lágrimas e pedindo perdão a Tertuliano: "O meu amor por você, meu verdadeiro filho, o fez morrer..." Na primeira gaveta da cômoda, pegou a arma e deu um tiro certeiro em seu coração, enquanto assistia a polícia algemar Ivair.