SAUDADES DO TEMPO DE CRIANÇA - até do chinelo dela! - 3
Em um certo momento da vida, eu também fui uma criança, que como tantas outras, já aprontei algumas artes.
Claro que sem ter noção do perigo.
Lembro bem, que gostava de pedir alguns trocados para minha mãe, (moedas de troco), para comprar guloseimas, como
balas, chicletes, docinhos...
Tenho mais três irmãs e sou a mais velha das quatro filhas dos meus pais.
Minha mãe, tinha ido lavar algumas roupas no tanque e enquanto ensaboava as mesmas, eu tinha tido uma ideia brilhante...
Pensei - se eu pegar algumas moedinhas de dentro do vaso (lugar onde ela guardava os trocados), ela nem irá sentir falta, já que tem tantas outras ali.
Peguei-as, e do lado de casa, tinha uma destas barraquinha de doces, que costumam ficar na frente de algumas casas.
Quando cheguei nela, havia tantos tipos de doces, balas, chicletes, que meus olhos pulavam pra fora e eu já salivava os sabores em minha boca sem mesmo antes de os provar.
O senhor que havia me atendido, colocou tudo dentro de um saquinho de papel, e assim que o peguei, corri pra dentro de casa, sem que A minha mãe pudesse notar a minha ausência.
Quando minhas irmãs viram o saquinho cheio de guloseimas diversas, começaram a escolher o que cada uma queria comer dele.
Porém, um detalhe que foi o que mais marcou nessa história...
O quarto onde meus pais dormiam, tinha cortinas que escureciam bem o ambiente, e foi onde entramos para nos escondermos e comer rapidamente os docinhos.
E adivinhem qual foi a grande idéia que tivemos -
Entramos debaixo da cama de casal deles, porém ficava mais escuro ainda que o próprio quarto, e resolvemos fazer o que?
Acendemos uma vela pra ficar mais clarinho.
Minha mãe de repente do nada, entrou no quarto, e claro, pelo cheiro que fica da vela, o clarão que vem dela, já lhe deu a certeza de que estávamos aprontando alguma coisa.
E falou: - Meu Deus, olha só que vocês estão fazendo... o maior perigo de ter pegado fogo no colchão, e vocês ainda se queimarem nele!!!
E pediu que saíssemos de lá para ficarmos de castigo pela arte que tínhamos feitos.
Com medo de apanhar, nenhuma de nós se pronticava a sair dali.
Com isso, nossa mãe foi na cozinha e trouxe o que? Uma vassoura!
Com esse em mãos ela se ajoelhou em um dos lados da cama e começou a cutucar a gente até que saímos uma por uma.
Nos deu aquela ralhada, mostrando o perigo de se fazer algo escondido!]
Dizia que quando isso acontece, é porque já não estava certo de o fazer.
Reclamou de ter pego as moedas sem falar nada com ela, e que isso não deveria mais se repetir.
Não era certo e tal.
Só sei dizer, pelo que me lembro, de ficarmos de castigos, ajoelhadas olhando pra parede por algum tempo, e que deviamos repetir que nunca mais faríamos aquilo. Ela deu algumas chineladas em nossos bumbuns, só para nos amedrontar a não mais levar uma dessas futuramente.
Hoje já não temos mais a nossa mãezinha, porém sabemos que cada castigo, cada bronca dada por ela, somente serviu para que hoje fossemos, o que somos hoje, pessoas de bem.
Saudades do tempo de criança, até do chinelo dela!