QUANDO ESFRIA O AMOR

  Norma trabalhava numa loja de confecções quando conheceu Alan, aparentemente um rapaz charmoso e educado, foi seguindo esse perfil que dele se engraçou e deu início a um namoro, em poucos dias já estava apaixonada. Com o passar do tempo ele a esperava na saída da loja sempre às seis da noite, conversavam, tomavam um lanche ou um chopp, davam um passeio no parque e depois iam prá casa, cada um prá sua casa. Decorridos cerca de três meses Alan a convidou para morar com ele, que residia em um pequeno cômodo nos arredores da cidade, num bairro um pouco afastado e com poucas casas, implorou tanto que ela acabou cedendo, mesmo contra a vontade de sua mãe, uma senhora viúva e aposentada. Com elas vivia a pequena Gleice, de apenas nove anos, fruto de um relacionamento de Norma que não havia dado certo. Alan pediu que a menina ficasse com a avó e os dois foram morar juntos. Ele trabalhava no centro em uma oficina mecânica e combinaram de sair juntos pela manhã rumo ao trabalho.

  O dia a dia de Norma tornou-se preocupante, pois começou a chegar atrasada no emprego já que o companheiro não tinha hora certa para pegar. Aborrecido o patrão de Norma a demitiu, o que a deixou também chateada. Recebeu a indenização e ele alegando que precisava de algum dinheiro pegou uma parte e a outra ela comprou algumas roupas e coisas para a filha e a mãe, o que não foi muito do agrado de Alan, que tinha a intenção de se apoderar de mais grana. Começaram aí os problemas e as desavenças, além das cobranças de ciúmes, o que deixou Norma irritada querendo voltar para a casa da mãe que era também a sua casa, porém ele a impediu e ainda ameaçou-a. Tornou-se um inferno para Norma conviver com um homem que aos poucos viu aquele amor morrendo, apesar de ainda gostar um pouco dele. Ele saía para trabalhar e a deixava só e nem permitia que fosse na casa da mãe ver a filha e quando iam, ele junto, ela não tinha coragem de contar o que se passava. O tempo ia passando e ela sendo espancada pelo companheiro, tudo isso sem a mãe saber.

   Certo dia Norma cansou dessa vida e resolveu tomar uma decisão, iria embora em busca do apoio de sua mãe e ver a filha, pois demorava muito para vê-la. Não sabia ela que nesse dia ele a espreitava, estava dentro de um carro em um local ermo e a abordou quando ela seguia pela estrada com a finalidade de pegar um ônibus. Colocou-a a força dentro do veículo e rumou para casa. Lá a espancou deixando-a desacordada sobre a cama. Alguns minutos depois ela voltou a si e viu que ele estava de costas, levantou-se vagarosamente e foi até a cozinha onde se armou com uma faca indo até ele para surpreendê-lo, mas ele foi rápido e virou-se atingindo ela com o cotovelo. Essa ação a fez cair pesadamente ao solo com o nariz sangrando, bateu forte com a cabeça numa quina da parede e perdeu os sentidos. Passados alguns minutos ele foi verificar e constatou que ela não respirava. Arrumou então uma maneira de sumir com o corpo, enrolou-o em um lençol, colocou na mala do carro e jogou em um matagal.

   Com o passar dos dias a mãe dela notou que ela não mais aparecia e tratou de ir em busca dela na casa onde morava com Alan. Ele afirmou que ela não mais aparecera e que tinham terminado, o que não convenceu, providenciando então um B.O. na delegacia da cidade. A Polícia fez diligências e paralelo a isso encontraram o corpo em adiantado estado de decomposição. Quando foram em busca dele o mesmo havia fugido. As buscas para sua prisão tiveram início, porém durante vários meses o assassino não foi localizado e o inquérito ficou pendente até o dia da sua prisão.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 24/03/2022
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