Quando a palavra falha em dizer, o que sobra?
Quando a palavra falha em dizer, o que sobra? Lacunas ou portais multidimensionais?
A verdade é que a verdade habita no não dito: olhos movediços de confusão, boca que se comprime sem notar-se, debruçar-se sobre a janela para esperar por alguém que nunca vem.
E é outono. E há neblina. E você nunca respirou tão bem.
Ainda assim, é difícil nomear o tédio que não é ócio por não ser útil.
O anseio por um devir, mas vir a ser o que exatamente?
Não se diz, pois não se sabe, pois não se pensa. Logo, não se é.
Mas se não é, por que se move tanto?
Por que parece existir, parece que há?
E por que questionar-se tanto quando respostas sabes que não vais encontrar?
Inspire lentamente, e sinta o haver do ar.
Expire e deixe-o sair, mas sem pensar muito sobre a última vez que o fará.
Pois no momento, existe ar,
Logo, ar, espírito, ar, vida.
E também há as horas,
Atrás das horas,
Atrás das horas,
Atrás das horas,
Atrás de nós.