Ela veio até você cautelosamente. Suavemente. Silenciosamente. Igual como neblina que cai sobre a madrugada fria em que você desperta e abre a janela para admirar o sol dissipando a escuridão da noite em forma de nuvem baixa que se desfaz no ar e pensativo você olha para o céu, e tudo o que você ouve é um silêncio intenso e o cheiro da madrugada se indo. O vento meio gelado torna tudo ao seu redor mais silencioso e enigmático. Assim, é como ela chegou até você. Desprovida de medo e sangrando amores do passado... A alma no limite da magoa e ainda assim, desejando ser qualquer momento de toque que pudesse curar o corpo sem necessidade de ler qualquer bula ou manual. 

E você, nenhum pouco ciente disso cedeu os desejos e entendeu a inquietação e hesitação com que desejava sentir a presença apenas com o imaginar do gosto o imaginar do cheiro e o toque e saindo das histórias por ela inventada... Você foi tudo o que ela precisava que você fosse sem dizer nada. Ela leu seus olhos como constelações no céu noturno. Ela permitiu você sentir as emoções aprisionadas no corpo, como um curioso que possuísse a própria caixa de pandora sem saber. E assim, quanto mais você a conhece, mais você quer saber e mais ela desenvolve o medo dessa magia toda do desejo se perder... Repare, o quanto ela se sente confortável em dialogar desejos íntimos e conversas de duplo sentido e sem você se quer imaginar, ela umedece os meios... Do mesmo jeito que você abriu a janela e contemplou a brisa se entregando ao primeiro raio de sol, ela se abriu para você. 

Você ofereceu suas poucas horas disponíveis para ela e ainda assim, pairava uma certa duvida do sim, do não ou do talvez... E no sumir da mensagem apagada você veio e permitiu que ela fizesse os movimentos tão devagar quanto ela precisava que o seu fosse eloquente, ambos se queriam por curiosidade e quanto mais ela aprendia sobre você, mais ela queria. Ansiava, por ouvir sua mente inquieta, sua alma vagabundo, sua essência de homem correto e justo, seus pensamentos proibidos e doidivano, sua sentença de medos bobos e absurdos desejos que só almas livres se permitem... Perceba como ela admira seus olhos sem lhe vê. Como ela passava os dedos pelo seu rosto como lendo em braille os traços e delicadeza de uma pele tão ávida que pulsa longa vida ou quando deslizava os mesmos dedos sobre as costas enquanto sentada ao seu lado e sorrir um sorriso inocente escondendo a sensualidade e malícia sofisticada da velha-menina-garotinha.

Ela queria tudo... Admitiu! E você sumiu por outro caminho de mãos dadas a outra sombra feminina desejando colorir um rabisco passado-presente e futuro. Sim, você sabe ela está certa. Admita, e não é seu papel salvá-la dos demónios que ela roubou de você. Não é seu trabalho ha salvar de você mesmo, porém, ela espera que você os dome e conquiste esse mundo de pecado inteiro que escorrega pela palma de suas mãos e que você nunca consegue controlar sem controle, é fato!, talvez se achem ou se percam de vez. Não é isso que desejas? Não é.

Uma vez que ela tenha deixado você entrar em seu mundo, você haverá por trás dos olhos cautelosos e inquietos - a personagem forte que todos dizem por ai, que no controle ou na falta dele que você têm, ela baixa a guarda e mostrar o verdadeiro eu hã despertar o vulcão que guarda os dragões que alegres, cospem fogo, queima mas não arde. Eterniza e confia.

Repare. Você está totalmente dentro. Todo dentro sem folgas, sem espaços... Ajustado. Como uma rocha minerando líquidos extraindo tremores e libertando labaredas. E quanto mais ela sabe de você, mais ela quer saber. Quanto mais em você ela confia, menos ela alimenta seus pecados com falsas expectativas e ainda assim, sob as pontas dos dedos dela, você está preso e arranca sem ouvir, sem ver ou sentir o êxtase nascer e morrer em minutos. Ela tem sentimentos que são livres por você, ela têm desejos doidivanas e tão puros ao mesmo tempo, como que por um momento Deus e o diabo trocassem carinhos...

A verdade disso tudo? E ela se sente vulnerável porque não consegue controlar o quando o timbre da sua voz encanta seus domínios interno. Sim, estão lá... Desde quando você abriu a janela e contemplou a madrugada. Definitivamente ela paralisou ali. Naquela noite, naquela madrugada quando adormeceu com o nascer do sol e com a saliva gritando seu nome. Toda manhã recorda o momento que conheceu você e todas as prosas, ironias e as más e boas intenções. Dentro desse fio do tempo. Ela se pergunta quando!? Quando foi o momento exato em que ela começou a se apaixonar por você. Quando foi que os sentimentos dela por você se transformaram em um animal que ela não consegue conter? Porra, diga! Porque você é a única coisa que ela não conseguiu manter organizada dentro da bagunça dela, de forma planejada, o que você é exatamente. Não, você veio inesperado e imprevisível - como um céu azul cinza tempestuoso cruzando o mar para chegar à costa. Você a pegou de surpresa. E foi a mais adorável das surpresas que ela já conheceu.

Ela abriu a janela da alma e você arrebentou porta toda e a olhou exposta, exibida de alma nua. E uma vez fazendo isso, você levou tudo dela. E ela percebeu que não tinha mais pedacinhos de si mesma para dá a outras pessoas e tudo ficou preto e branco... Como que faltando sal... Malícia. Sim, você deixou claro, "sem expectativas", não as crie pois você não poderia alimenta-las. E então você some de novo... E de novo.

Um dia qualquer com um laço imaginário você há de aparecer tecendo o corpo dela em ações de laços e nó amarrando expectativas e a calando com a boca suja... A invade olhar com olhar e observa a alma lá dentro do corpo se agitando em tremores.
Sentindo a energia palpitando, latejando.
Você pode sentir isso agora?
Ela sente, rosto rubro, suores escorrendo.
Você pode olhar a janela? Você leitor, observa essa loucura toda,
Que um garoto desperta em uma mulher que achava já ter vivido grandes desejos e amado loucos nobres e boêmios de uma vida sob a brisa da madrugada...

Você pode sentir o que ela deseja? Você pode vê o que ele viu ao abrir a janela naquela madrugada?