Era uma vez.
Era um imenso salão, todo branco...
Enormes lustres de cristais pendiam do teto, que parecia salpicado de estrelas azuis...
Ao fundo, tocava uma orquestra...
As músicas soavam como doces sussurros e os únicos sentimentos que deixavam perceber, eram de absoluta paz interior.
Casais rodopiavam pelo salão.
Seus pés pareciam não tocarem o chão, como se flutuassem ao sabor divino da música, que invadia a alma como um elixir de absoluta pureza.
Senti uma vontade enorme de dançar. Sim, precisava mergulhar naquele momento e me sentir parte do encantamento da noite, que formava a tela de fundo para ressaltar tanta luz que emanava dos corações.
Vi uma senhora que caminhava por entre os casais e convidei-a para dançar. Ela aceitou prontamente... E nos pusemos a rodar como se deslizássemos sobre o tempo.
Ela conhecia a todos e foi falando de cada um.
Passamos por um casal que irradiava muita alegria. Ele se chamava Sonho e ela, Esperança.
Como combinavam bem...
Seus passos eram perfeitos e pude sentir muita harmonia entre eles.
Outro casal. Dançavam com a maestria dos bailarinos... ele era o Respeito e ela, a Felicidade (que sorria todo o tempo).
Percebi como o Respeito fazia bem à Felicidade...
Passou por nós, o Desejo. Seu par era a Realização. Desejo e Realização... Eram perfeitos! Que casal bonito!
E muitos outros casais pude ver: A Paixão e o Encontro. O Abraço com a Vontade...
Pude entender a necessidade dos sentimentos, encontrarem seus pares.
A orquestra começou a tocar uma música melancólica...
Senti a curiosidade de perguntar àquela senhora, qual o seu nome...
Saudade, respondeu. E o seu, perguntou-me.
-Eu? Eu sou... O Abandono.