Sempre em silêncio (Parte 2)
Depois que ela se separou, eu pensei que as coisas iam começar a correr melhor para mim e para a nossa família, sem tristezas e sem desgostos. Foi bom imaginar que por um momento eu iria ficar bem, até que reencontrei meu pai. Para entenderem melhor vou ter que recuar um pouco no tempo, quando eu tinha 5 anos de idade.
Pelo que eu me lembro sempre ia na casa do meu pai passar os fins de semana, era legal até, não me vem à memória de ele me fazer algum de mal, mas eu sabia que ele não gostava de mim de verdade, porque se ele gostasse iria perceber o que estava acontecendo na casa da minha mãe. Bom, mas isso é o de menos. Um certo dia alguém foi me levar na casa dele, cheguei lá, toquei a campainha e ninguém atendia, tentamos ligar mas ninguém respondia, o que era muito estranho, então voltei para casa. Um tempo depois, minha mãe descobriu que ele tinha se mudado para o Brasil junto com sua esposa e não tinha nos contado nada. Como eu era nova na época, nem liguei a isso. Voltando no tempo que miha se separou… Ela conseguiu entrar em contacto com ele pela justiça então por obrigação ele tinha que me ver nos fim de semanas a cada quinze dias, foi bem legal, eu conheci minha irmã mais nova e minha irmã postiça, também os meu outros parentes, todos me acolheram bem, e foi tão bom que eu sempre ficava ansiosa quando estava para chegar o fim de semana de ir na a casa dele. Eu estava tão feliz, até que chegou o dia que eu disse para minha mãe que o meu pai era um máximo e eu adorava ir na casa dele, ela acabou ficando com ciúmes e contou tudo o que tinha para contar. Bem pelos vistos quando ela engravidou de mim ele não aceitou bem, disse que eu era filha de outro homem e que não ia assumir a responsabilidade de pai, depois traiu ela com a melhor amiga, e por fim pediu a minha morte, sim ele pediu para que ela me abortasse. Quando a minha mãe me contou isso eu simplesmente fiquei em silêncio e não disse nada. Chegando o dia de ir para a casa dele, eu entrei no carro e disse apenas <<olá pai>> e fiquei em silêncio observando ele, o que ele falava e as atitudes dele.
Infelizmente eu sou assim, fico em silêncio, observando o que falam, e não digo nada. Por isso hoje em dia eu não conto sobre o que aconteceu e não falo nada sobre o que se passou na minha cabeça, apenas observo, sorrio e sigo em frente, porque eu sei que quando chegar o dia que eu for falar algo, ou eu me mato ou saio matando.