E AGORA, COMO É QUE FICA?
Carregando um mundo de presentes, Josué abriu a porta do quarto e deu de cara com Bob, que sorria, sentado na beirada da cama.
– Você não foi, Bob!
– Sim, não fui...
– Mas por quê?
– Você sabe, Josué!
– É, eu sei...
– E eles, vieram?
– Eles?
– Sim, os outros...
– Vieram.
– Todos?
– Sim...Todos.
– Então só eu faltei?
– Só.
– Mas você trouxe, né?
– Trouxe?
– Sim, o meu pedaço de bolo... Trouxe?
– Não... Dessa vez eu não trouxe, Bob...
– Sei... E agora?
– Agora?
– Sim...Tenho que ir?
– Sim. Acho que agora você deve ir, Bob...
– Entendo... Finalmente crescemos, não foi?
– Acho que sim... Por favor, Bob, não me culpe!
– Lhe culpar? Jamais!
– Obrigado por tudo, Bob.
– Eu que lhe agradeço, Josué!
– Foi um tempo bom, não foi?
– Foi, sim. Quantos anos mesmo, hem?
– Quase cinquenta.
– Meio século, Josué! Sabe de mais alguém que teve um amigo imaginário por tanto tempo?
– Acho que não, Bob...
– Mas agora preciso ir, não é?
– Sim...
– Então adeus, Josué...
– Adeus, Bob...
– Mas antes queria ouvir uma coisa de você...
– Que coisa?
– Eu fui um bom amigo?
– Sim, Bob, você foi um bom amigo!
– Você também foi um bom amigo pra mim, Josué. O único amigo real que já tive!
– Você também foi real pra mim, Bob!
– Fico feliz em saber, Josué... Então, adeus!
– Adeus, Bob!
Dizendo isso, Josué fechou os olhos, com um aperto no peito.
Quando tornou a abri-los, a cortina da janela balançava; balançava docemente ao vento...