De repente Veneza silencia
Nicolo eram grande e gordo, forte e bem humorado. Falava alto como se o mundo estivesse lhe ouvindo. A voz grave parecia um trovão, quando estava brigando com sua equipe sobre atrasos. Gideon Argov trabalhou com ele três vezes. Na primeira vez que gritou com ele soube que Gideon não seria como os outros, embora não respondesse e ouvisse olhava direto em seus olhos sorria e voltava ao trabalho. Nicolo não rugiu mais, no fim o trabalho de Gideon respondeu por ele. Chegou a Osteria e Gideon já o aguardava bebendo sua garrafa de Chianti. Nicolo pediu ao garçon espaguete a carbonara e uma garrafa de Brunello di Montalcino.
Gideon Argov. O melhor restaurador de Roma! Bem vindo à Veneza, garoto!
Nicolo pegou Gideon no colo em seu costumeiro abraço de urso. Era mais alto que Argov, que no ar sentiu os pés balançando enquanto era pego naquela garra de urso. Gideon pouso no chão e sentou de volta a cadeira.
Olá, Nicolo. Parece que tem um trabalho pra mim. Não sou o melhor restaurador, você tem profissionais melhores que na equipe.
Garoto, uma das coisas que gosto em você é a modéstia. Então não sabe que você tem uma carta de recomendação do próprio Vaticano? Sua Santidade, já ouviu falar muito bem de você...
Tudo bem...tudo bem. Mas não foi para falar do meu currículo que você me chamou, Nicolo.
Negócios sempre negócios. Mas primeiro vamos comer! O prazer depois o dever.
Gideon estava cheio, mesmo comendo apenas o antipasto com pãezinho. Mas para acompanhar Nicolo pediu uma pequena porção de Baccalà alla vicentina.
Comeram e entre garfadas, conversaram sobre Veneza e o quanto estava cheia de turistas, Gideon falou sobre Roma e seu último trabalho, a difícil missão de trabalhar em três Caravaggio.
Dio mio!! Três?
Gideon sorriu, terminou o prato e bebeu o vinho. Foi então que reparou numa moça que admirava a estátua equestre de Bartolomeo Colleoni. Veneza pareceu mergulhar num silêncio e Gideon Argov apenas olhava para a moça.
Wesley R Curumim