Os carros vinham a dar farol alto e Ducky enxugou o pingo de suor no lado direito da testa. Nada fazia com que Nany ao seu lado mudasse de humor e visse algo colorido no mundo. Já tinha cortado os pulsos três vezes e CURTIA ficar sozinha no quarto encarando a vitrola ao som de Joan Jett. Aquele refrão: “Eu não tô nem aí pra minha reputação” dizia algo sobre ela… Não adiantava blefar. Precisava pisar fundo. Ducky continuou na contramão e o som da música “CRASH” do Aerosmith era tudo que tinham. – ISSO. – disse ela, parecendo excitada. Ducky pensou na morte… em pais e amigos e várias outras coisas. Correr na contramão numa pista de alta velocidade, na hora do rush… sair vivo. Sua grande chance. teve poucos segundos pra se sentir idiota de enfrentar a morte por uma mimada, mas foram poucos segundos. Podiam escutar os gritos das pessoas na rua e nos carros passando, voando. A velocidade… o barulho do motor… tudo misturado ao rock no rádio não o deixavam compreender o que diziam. Continua – Ela sussurrou – a voz da garota arfava, era puro êxtase. Ducky tinha realmente descoberto como tirá-la dos eixos sem precisar de uma guitarra ou a voz potente de Steven Tyler. Precisavam de morte. Em sua cabeça a pista nunca acabaria. “Talvez isso seja lindo… visto de cima”. Nany a essa altura estava praticamente em CIMA dele mordendo-o como uma vampira. Ducky a empurrou de volta na cadeira deixando-a atordoada por alguns segundos, mas voltando novamente ainda mais feroz. “Será que já posso PARAR, agora…?”… pensou. Era tarde. Nunca é rápido o suficiente… Sempre é tarde demais. O carro destruído; visto por todos... o show de Ducky. Sua cabeça decepada era a face de um grande piloto. Um grande campeão. Morta ao seu lado, uma mulher linda...o corpo quase todo intacto, tinha olhar sonhador… o que quer que tivesse quebrado quebrou-se por dentro. Os olhos do piloto não disfarçaram milésimos de segundos da mais pura dor... Porque quando a gente diz que uma pessoa sentiu DOR demais… às vezes mera metáfora pra dizer que se amou demais.