Maria

Caro leitor, quero convidá-los a conhecer Maria. Uma mulher como qualquer outra, não fosse o fogo que sai do seu olhar. Aliás, o fogo que percorre todo o seu corpo, transcende sua alma e reflete nos seus olhos. Um ser cheio de desejo!

Maria não é uma mulher com os padrões de beleza que a sociedades maxista, preconceituosa, capitalista prega. Ela tem pele branquinha, mas com traços no rosto que mostra lindamente sua descendência afro, curvas arredondadas, cabelos cacheados e levemente loiros, pernas bem grossas, seios pequenos, boca que vive a sorrir e especialmente, Maria é livre! Faz-se livre todos os dias. Poderia ser qualquer mulher, qualquer nome, qualquer identidade. Mas, ela escolheu ser Maria, porque assim se faz comum sem deixar de ser única, de ser A Maria, uma mulher com sede de vida... de toque... de falas... sede de existir. Mesmo que muitas vezes esteja presa em alguma amarra, ela é de alma livre, sonhadora e cheia de desejos. E é sobre isso, desejo... sonho... sedução e o fogo de Maria que este conto fala. Então, vamos ao conto!

"SONHO E DESEJO"

Certo dia Maria conheceu o amor.

Não! Ela conheceu os amores. Sim, ela sempre foi assim, desde que se entende por mulher, ela sabe que sua alma jamais amará apenas uma pessoa. "É pouco. Injusto, amar apenas um quando se tem apenas uma vida para amar" -- pensa Maria. Então, digamos que a moça conheceu outro amor, de alguns que já passaram por seu coração. Aliás, precisamos de mais um parêntese, os amores de Maria não passam assim com facilidade. Eles ficam, permanecem! Cada um em seu tempo, seu espaço e seu encanto. Mas, jamais esquecidos.

Voltando...

Desta vez era diferente, era um "garoto", uns dez anos mais jovem que ela. Totalmente diferente dos amores que ela guardava em sua alma. Pois sempre foi atraída pelos mais velhos, com mais experiência. Só os experientes podia toca-la sem queimar-se em suas chamas. Mas... Ele era diferente, atraente, atrevido, sabia como atrair seu olhar, seu interesse, sua atenção, sua libido. Era um "garoto muito atrevido" -- dizia ela. E realmente o era. Não se importava com a diferença de idade, ao contrário, parecia curioso em provar os sabores de uma mulher madura. Expressava seu desejo em versos, flores e muitos elogios... suspiros... e alguns ais meio proibidos. O toque era inevitável, os olhares intensos e as bocas, convite.

E se envolviam...

Conversavam sobre muita coisa, poesia... arte... música...política... leis e tudo o mais que os fizessem estar conectados. Qualquer assunto valia para não perderem o contato, mesmo que soubessem o que de fato queriam, eram quase sempre cordiais. Sem esquecer o desejo que percorriam seus corpos a cada encontro. Ela sempre com um sorriso meio tímido, meio sexy. Ele com o atrevimento no olhar e uma boca entreaberta que a deixava louca, com o coração aos saltos, os seios arrepiados e o corpo em chamas. Não adiantava, ela o desejava, queria provar o sabor daquele garoto, sentir o tesão que sabia correr naquela pele. E... "que pele!" -- pensava. E um tesão insano percorria seu corpo, como orvalho em flor.

Certa do seu desejo e da forma como ele a olhava, eles se encontraram...

Nada foi por acaso, nada foi sem querer. Como imã, se puxaram um ao outro. Carnal!

Maria era fogo e desejo... Ele voracidade e sedução.

As bocas coladas... línguas em núpcias!

Mãos agitadas... pela carne queimavam.

Um encontro quase fatal. Os corações disparados... Respiração ofegante.

Fizeram amor.

Pintaram o amor... sem nenhum pudor.

O amor mais sensual e sublime que aquele jovem já fez.

O amor mais voraz e ardente que Maria já fez.

Na pele ficaram as marcas. As unhas nas costas dele, queimaram. Os lábios, entre suas pernas, enlouqueceram-na.

Tudo foi urgente... intenso!

O encontro... as bocas... as mãos... as palavras (até a falta delas)... gemidos.

O êxtase!

Maria arrumou seus cabelo... na boca, seu baton vermelho... um sorriso malicioso, ainda com sabor de gozo.

Saiu...

Deixou o amor.

Levou consigo o prazer.

E nunca mais o encontrou.