Fé, Esperança e Amor

Natália foi ao shopping fazer as últimas compras da sua lista de Natal: presente para o amigo oculto em família, umas lembrancinhas que ainda faltavam, e um vestido novo para ir à festa da firma. Enquanto olhava as vitrines, recordava o Natal passado.

Conhecera Roberto no coquetel de confraternização da empresa, no fim do ano passado. Ele se aproximara dela, trazendo-lhe um drink. Apresentaram-se e ficaram conversando, ele jogando charme para ver se colava... e colou. Ele era, realmente, bonito e encantador, tanto que ela acabou aquela noite em seus braços, e em seus braços ficou por oito meses. Ele parecia perfeito: atraente, gentil, atencioso, inteligente, cavalheiro e, sobretudo, apaixonado. Mas numa noite em que não se encontraram, quando ele telefonou para ela, como de costume, pareceu-lhe meio agitado, como se estivesse com pressa de encerrar a conversa. Disse que tinha que ir buscar um documento no carro, só que não: simplesmente, na pressa, não desligou o telefone convencional de modo adequado, e Natália pôde escutar todo o papo que ele estava tendo com uma outra mulher, no celular. O que mais lhe doeu foi ouvir as frases muito familiares que ele dirigia a ela, frases que ela julgava tão suas... “Como você é gostosa! Você me excita demais, minha linda... Bota aquela lingerie sexy para eu ver... Tô morrendo de tesão...” De repente Natália ouviu um click, e o som foi cortado... a galinhagem acabara. Roberto se dera conta de que o telefone tinha ficado fora do gancho, mas não se preocupou porque nem lhe passou pela cabeça que Natália tivesse escutado algo. Aquela noite foi muito difícil para ela! Teve que tomar um Rivotril para se acalmar e dormir, depois de muito chorar. Chegara a se beliscar para ter certeza de que não estava tendo um pesadelo, e de que aquilo tudo era real. No dia seguinte, já sem lágrimas, e tomada pela raiva, arrumou as coisas de Roberto numa sacola, tomou um banho, vestiu o seu tubinho preto justo e sensual que usava em ocasiões especiais, maquiou-se, perfumou-se, e ligou para ele dizendo que ouvira tudo, e que queria encontrá-lo imediatamente para terminar e entregar-lhe suas tralhas, não lhe dando margem para explicações descabidas. Quando o viu chegando ao local combinado, com uma enorme caixa de bombons da Kopenhagen, e um buquê de flores nas mãos, foi logo pedindo-lhe que a poupasse de desculpas esfarrapadas. Entregou-lhe a sacola, aceitou a caixa de bombons cereja (que seriam bem úteis para adoçar sua amargura) e as flores, que jogou na primeira lixeira que viu, ao sair.

De repente acordou daquele flashback, ao ver um vestido vermelho maravilhoso flertando com ela, da vitrine de uma loja. Entrou, experimentou-o (ficou divino!) e o levou para casa, já antecipando o sucesso que faria no coquetel… e fez mesmo! Pouco depois de ter chegado, uma amiga a apresentou a seu irmão, um rapaz lindo e sarado que foi buscar uma taça de champanhe para ela. Apesar de meio acanhado, o rapaz tinha um papo super interessante... a timidez dele lhe conferia um charme especial. Enquanto conversavam, Natália, meio indecisa, ficou pensando: “Já vi este filme antes... será que terá o mesmo final?” Lembrou-se, então, da mãe que vivia repetindo: “Quem não arrisca, não petisca”, e decidiu dar-se uma nova chance, afinal era época de Natal, e Natal é sobre Fé, Esperança e Amor, e deixou rolar....

Ouvindo Wham! - Last Christmas Legendado Tradução (George Michael)

https://youtu.be/w4-8nby81cM

Mariah Carey - All I Want for Christmas Is You (Tradução)

https://youtu.be/kDT72cC6aX8