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Quisera eu que o tempo não passasse, fosse apenas um passatempo em um lindo entardecer, ao som de um agradável musical.

Devaneio?! Talvez, eu esteja precisando resgatar a história de meus antepassados e, consequentemente, a transitoriedade da vida.

Minhas raízes são muitas e, delas, orgulho-me. Do espanhol, trago traços faciais e a sensibilidade; do italiano, o falar com as mãos e a espontaneidade; do português, o curtir cores vivas e a alegria; do índio, a cor da pele e o companheirismo. Herdei de meus bisavós, segundo meus pais, o espírito de luta, o falar e ouvir com paciência, tendo uma palavra amiga e acolhedora a todos. Tudo foi importante para o meu aprendizado.

Com frequência, esforço-me para resgatá-los, mas alguns rostos insistem em manterem-se foscos e trêmulos. Suas histórias e aventuras foram-me contadas e recontadas na expectativa de que as transmitisse às novas gerações.

Ao repassá-las, imprimo-lhes novas nuances, em que o meu eu apropria-se de ares bucólicos para dar vida e luzes aos responsáveis pela minha existência. Por vezes, misturo realidade e fantasia.

No decorrer dos anos, o tempo ora me deu tons crepusculares, ora me fez arte de criar.

Tempo?!... Tempo?!... Quando será a minha partida?