Promoção dos sentimentos - BVIW
Na vila da economia, a razão queria ser a protagonista da história, e a paz descansar em berço esplêndido. Foi quando a razão despertou seu lado empreendedor e montou uma lojinha de sentimentos: verdade à granel , coragem enlatada, segurança virtual e confiança líquida. Mas, a paz não deixou por menos, montou uma barraca de silêncio e esperou à sombra do tempo. Vendo o mercado das duas prosperar, madame inveja furiosa gritou: - Que cena patética! O desespero depois de globalizado criou expectativas nessas idiotas. A paz deitada estava, deitada ficou. Por outro lado, a razão queimou seu estoque de paciência e respondeu: - Madame, poupe sua raiva. Aqui não é lugar para pessoas dissimuladas e ressentidas. Só estou vendendo certeza. A paz tomada pelo axé tirou da prateleira o livro da sabedoria e mais uma vez ficou taciturna. Essa atitude matou a razão, que retrucou: - Não vai se defender não? Eu gastando por conta, frustrando minha freguesia e você aí vendendo ilusão. Por um segundo, a paz pareceu abalada, mas em seguida se recompôs e disse: - Enquanto você luta para criar sua fama, eu já tenho a minha marca consolidada. Não preciso fazer promoção relâmpago, nem baixar meu preço para atrair clientes.