O gosto amargo da decepção
Eu te amo, Miguel. Mas não te quero mais. Você afasta as pessoas que gostam de você.
Foram essas últimas palavras de Nádia que marcaram Miguel. Ele tomava um café requentado e comia um pão de queijo murcho numa parada na Br-40. Estava seguindo para o Rio. Seu Opala ss78 laranja desbotado parado na sombra.
Você afasta as pessoas. Vai acabar sozinho e morto, Miguel. Eu não posso mais. Chega!
Nádia...
Por que ele fez isso? Magoar uma garota como Nádia... só se sabe do valor quando perde, não é o que diziam? Até quando ele iria machucar as pessoas ao seu redor?
Bebeu o café requentado e deixou uma nota de 20 no balcão. No espelho do banheiro vou seu reflexo. A cara amarrotada com a barba crescendo, a camisa social amarrotada fora da calça. Tinha a aparência largada.
Você tomará jeito? Antes de encontrar alguém, se encontrará? Nádia ira querer voltar para você?
Era tudo o que tinha para si. Perguntas e mais perguntas. Nada de respostas. Só uma aliás.
Nádia nunca voltará para você. Ela quer alguém que seja estável e adulto. Não um largado que só olha o próprio umbigo Miguel voltou para o opala, girou a chave e o motpr responder. Pisou no acelerador e continuou pela Br-40. Miguel pensou seu xará arcanjo.
Suspirou.
Arcanjo? Ele não era um anjo e não podia ir a onde os anjos vão.