Chuva Fina
Curioso o que me ocorrera naquele tempo de criança em Salvador, certas imaginações de infância, de um menino apaixonado e cheio de esperança... Recordo-me bem que a cada chuva fina que caía, eu imaginava rostos de mulheres, numa irrequieta fantasia...
O coração fantasiava tanto que eu era tomado por uma enxurrada de euforias... Lembranças de um tempo em que eu ficava sentado horas e horas na pequenina mureta lá de casa, e de mim mesmo eu esquecia... e até a diferença entre amizade e paixão, eu ainda não sabia...
A chuva alva e bem fina que caía, ora era quente ora era fria, os meus sentidos e uma certa emoção ainda me confundia, o tempo e o compasso do meu jeito de ser misturava sol e lua, noite e dia, era de fato uma mistura absoluta de euforia e fantasia...
E num dia de encanto, numa mistura de estiagem e chuva fina, surgiu enfim o rosto de uma nissei mulher-menina, parecia que ela tinha caído das nuvens... lá de cima... tinha um rosto delicado, os olhos eram puxados, lindos lábios rosados, e o sorriso de tão branco, era levemente azulado...
Sim, sob chuva fina, eu me encontrei apaixonado por aquele rosto de nissei... daquela bela menina!
Humberto de Campos
Aprendiz Holístico