ALGUNS TEXTOS ANTIGOS DE MINHA AUTORIA
AMOR E SILÊNCIO
A porta do quarto se abriu e Estela entrou
Queria me dizer algo, percebi no seu olhar
Parecia triste e prestes a chorar
Fiquei calado, esperando que se acalmasse
Esboçou um sorriso, talvez tentando enganar
Não disse uma palavra, esperou uma reação
Queria testar como andava meu coração
O silêncio reinou no quarto por minutos
Me levantei bem calmo, afaguei seus cabelos
Olhei nos seus olhos, vi que estava sofrendo
Tentei entender o que estava acontecendo
Sem uma única palavra beijei o seu rosto
Um novo sorriso dela, acho que verdadeiro
Desta vez não fingia, parecia outra mulher
Tirou a blusa, jogou num lugar qualquer
O silêncio permanecia, o clima mudou
Fechei a porta do quarto e me deitei
Ela se envolveu em meus braços com paixão
Sentimos o desejo, uma fúria de tesão
Nós dois no silêncio nessa noite de amor
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LEA, CRIME E MISTÉRIO
Lea deixou o escritório um tanto preocupada, os próprios colegas de trabalho notaram que ela não estava em seu estado normal e até questionaram sobre isso, mas ela afirmou que estava tudo bem e que não se preocupassem. Aldo foi quem mais se preocupou com Lea, já que era uma garota desinibida, falante e de repente, num espaço de poucos dias percebeu sua transformação. Gostava dela, sentia até uma certa atração, mas não tinha coragem de revelar esse segredo. Enquanto o coração aguentasse ele ficaria apenas admirando-a, amando-a secretamente, até que um dia esse desejo explodisse.
No dia seguinte Aldo percebeu Lea um pouco mais agitada, principalmente depois que recebeu um telefonema. Ela pediu ao chefe para sair mais cedo alegando mal estar e ganhou a rua. Aldo teve um impulso e decidiu segui-la discretamente, tendo avisado aos colegas dessa sua atitude. Viu que ela seguia apressadamente, parando em um determinado local, aguardando alguns minutos até que um carro parou próximo, tendo saído do mesmo um homem que se aproximou dela e a beijou na testa. Aldo assistiu aquela cena sendo acometido de ciúme, mas se controlou. Houve uma conversa ríspida entre eles e em seguida Lea entrou no carro que partiu imediatamente. Transtornado, Aldo voltou para o escritório e comunicou o fato aos colegas, que ficaram imaginando mil coisas.
Aldo não dormiu nessa noite pensando em Lea, naquela cena que o deixou enciumado e magoado. Mas não podia cobrar nada dela, não a namorava, não tinha motivos para lhe pedir satisfações. O seu coração estava sentido, amava secretamente aquela moça, tinha vontade de contar para ela o quanto a amava, porém a sua timidez impedia, mas ele iria tentar vencer esse medo e declarar o seu amor, custasse o que custasse.
Na manhã seguinte Aldo chegou cedo no escritório, queria ver o semblante de Lea, queria ser o primeiro a saber o que acontecera. Ela não apareceu para trabalhar, o que deixou ele mais preocupado ainda. As horas se passaram e nada de Lea aparecer, deixando todos com uma interrogação devido ao fato do relato de Aldo e também por não conhecerem o tal homem que lhe dera carona.
Os jornais do dia seguinte deram uma notícia trágica que abalou todo o pessoal do escritório. Um corpo de mulher fora encontrado sem vida em um local ermo, apresentando ferimentos provocados por arma de fogo. E esse corpo era o de Lea, aquela criatura que gozava do prestígio de todos os colegas, aquela moça alegre que conversava com todos e de repente se viu fora de si, abatida, preocupada com algo que não era do conhecimento desses amigos.
O enterro teve o comparecimento de todos do escritório, além de familiares e amigos. Todos sentiram a falta dessa pessoa tão distinta, tão querida, que ficaram questionando qual seria o motivo da sua morte. Nesse dia o chefe do escritório decretou folga para os funcionários em homenagem ao evento fúnebre de uma integrante de seu quadro.
(Obs.: o mistério desta história será desvendado no próximo conto: O SEGREDO DE LEA. Aguardem).
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O SEGREDO DE LEA
(Esta história é parte do conto LEA, CRIME E MISTÉRIO, com o desvendamento de um segredo. É como se a mesma história fosse desmembrada em duas)
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Chovia forte quando Lea se preparava para sair, o trabalho lhe esperava em um escritório que ficava a poucos quarteirões, não necessitando de transporte para isso. Lígia, sua irmã, notara o seu abatimento durante o café da manhã, perguntando se ela estava com algum problema, já que se davam muito bem, respondendo Lea que estava tudo bem, ostentando um sorriso forçado, notado pela irmã. A chuva passou e Lea seguiu para o trabalho.
À tarde, quando chegou do escritório, Lea estava aparentemente feliz, fazendo questão de mostrar isso para a irmã, que já andava desconfiada dela em suas atitudes. Lea tinha um problema sim, mas não queria que ela soubesse, afinal era adulta e saberia resolver os seus problemas. Namorava um homem que veio a descobrir que era casado depois de se envolver com ele três meses após, já demonstrando gostar bastante dele. Pensou em acabar mas desistiu, tinha uma coisa que ocultava de sua irmã, esperando um momento oportuno para fazê-la saber: estava grávida e não queria perder esse filho. Vicente, o pai, havia pedido que ela abortasse, pois poderia causar sérios problemas para ele, que tinha mulher e filhos, fato que escondeu dela mas acabou confessando, depois dela ter pesquisado com eficiência e ter sido ajudada por uma amiga.
Clara, a amiga de Lea, chegou em sua casa logo após o jantar. Trancaram-se no quarto para uma conversa, o que deixou Lígia desconfiada, pois apesar de ser sua amiga, Clara nunca tinha vindo fazer uma visita, sendo portanto uma surpresa. Demoraram pouco mais de uma hora no quarto e saíram sérias. Clara se despediu de Lígia e prometeu voltar outro dia, pois o assunto da conversa não foi revelado, ambas afirmando que eram coisas triviais.
No dia seguinte Lea chegou em casa bastante abatida, não tendo como esconder da irmã esse fato, só não disse o que estava acontecendo, prometendo a irmã que contaria tudo para ela assim que regressasse de uma visita que faria depois que jantasse. Jantou normalmente e saiu dizendo para a irmã que iria na casa de uma amiga. A noite avançou e Lea não retornou, deixando Lígia preocupada, que terminou cochilando na sala e não viu as horas passarem. Acordou repentinamente e olhou o relógio, percebendo que já passava das três da madrugada. A esta hora não era mais possível sair para procurá-la, esperando então o dia amanhecer.
O dia amanheceu e Lígia saiu para procurar Lea, mas não sabia por onde começar. Não tinha ideia de onde poderia estar, não sabia qual o problema pelo qual ela estava passando, enfim Lea não havia lhe contado nada e Lígia sabia que algo de grave poderia estar acontecendo. Lembrou-se de Clara, sua amiga e confidente, decidindo ir até sua casa, apesar de não saber exatamente a rua, mas procurou e terminou achando. Só que para sua surpresa Lea não estava lá e nem ela sabia onde poderia estar. Mas Clara foi sincera e resolveu contar o problema que Lea esta enfrentando. Falou de Vicente, com quem namorava e que estava grávida, tendo sido orientada por ele para abortar, o que causou revolta nela, não aceitando esse crime. Saíram as duas então para uma delegacia onde prestariam uma queixa de desaparecimento. Fizeram o boletim de ocorrência e horas depois souberam de um corpo do sexo feminino encontrado em local ermo com ferimentos de bala. Era Lea. Ficaram horrorizadas com o fato e informaram à polícia sobre o possível suspeito, um homem casado que a namorava.
A polícia se encarregou de efetuar investigações e identificou Vicente como principal suspeito, que terminou confessando o crime para esconder da mulher o romance com uma amante. Assim foi conhecido por Lígia o segredo que Lea guardava.