FINALIDADE
Carvalho Branco
Amanheceu.
O sol sorriu por trás da montanha... Respondi-lhe com uma piscadela e saímos pelo mundo...
Eu buscava... o porquê... a razão do ser, do existir... a finalidade.
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Olhei o céu: era azul e sem fim; ele me disse:
-Vês-me azul? Azul é o amor; tenho a cor da ilusão, guardo felicidades, sou a finalidade!
Fitei-o firme: de longe, pequeninas pedras de cristal brilharam e rolaram alegres, como meninas travessas; juntaram-se todas em brincadeiras, mas papai Trovão deu-lhes um carão e, como crianças que eram, desfizeram-se em lágrimas e eram tantas, que dissolveram, do céu, o seu anil.
O amor é ilusão de momento e segui meu caminho.
Cheguei ao mar, que me disse:
-Vês-me verde? Verde é a cor da esperança, é o presságio da bonança!
Vendo o mar tão grande e tão verde, lembrei-me que esperança é desejo e segui meu caminho.
Andei por campos macios e as flores, cânticos entoavam:
-Nosso brilho e colorido há muito te esperavam!
Vi as flores que murchavam; as coisas que eu procurava, nelas não se encontravam!
Parei.
Em frente, no meio do caminho, um homem; e assim ele me falou:
-Estás só e eu sou a companhia; finalidade é preencher a vida vazia.
Eu era variedade para minha companhia: acabada a novidade, terminou a fantasia, morreu também a paixão e eu voltei a solidão.
Anoitecia.
O sol se escondia. Olhei para baixo: um "espirro" de gente, um gritinho de alegria e logo, num salto, agarrou-se-me às saias, segurou minha mão... não disse nada...e seguimos o caminho...
Finlidade era pretinha!...