PT1
- Você não parece um padre.
- E você não parece um coveiro, se parece qualquer rapaz brasileiro de boné e segurando uma pá. - Respondi mal humorado...
Era início de manhã chuvosa e o cemitério era de puro barro molhado, de modo que escorreguei de bunda e bati o coccix duas vezes. - Odeio acordar cedo. - Resmunguei fazendo o sinal da cruz... O rapaz sorriu.
Bem.... Fui solicitado pelo seguinte: Desde 1994 pra cá, todo ano alguém desaparecia naquelas bandas (já de antemão eu pus a culpa na Copa do Mundo). A cidade era minúscula e do cemitério já pude enxergar ao longe a placa da cidade - com auxílio dos meus magníficos binóculos do Rambo - Falavam sobre a Maldição da "VÉA GRAVIDA" que surgia na noite de finados vestida de noiva, todinha de branco e segurando um buquê. Homens e mulheres desapareciam se topassem com ela... Essa era a história.
- OK! Vô montar a barraca aqui então... Tipo uma "Mini Camp do Senhor", tendeu? Se essa vovó quiser entrar.. Terá de passar por MIM... em nome de Jesus Cristo, amém. - O rapaz se benzeu e parecia estar prendendo a risada. "Menino idiota de pouca fé.", pensei.
- Filho... Uma tempestade virá! TRAGA-ME CHÁ DE HIBISCO!! ... e um misto-quente! Chuva dentro de barraquinha é OBVIAMENTE (cê sabe...) obra de Satanás... Oremos então. 'Ommmmm...' - Meditei.., cheio de amor. O garoto deu de ombros e saiu coçando a cabeça... não me obedeceu.
- Enfim... Que comece...
(continua)