A CASA DO PÉ DE FÍCUS
Nesta casa sempre tem algo diferente que acontece de tempos em tempos, os segredos que envolvem a natureza são muitos, as vezes surgem visitantes inusitados capazes de mudar a rotina dos moradores.
Aqui quando menos se espera qualquer coisa pode acontecer não se pode nem prevê qual será a próxima surpresa.
Mas o que será desta vez?
Alguma coisa inusitada durante uma primavera em uma manhã logo depois do nascer do sol quando o silencio da madrugada se estendia um pouco mais além do que de costume algo acontecia e chamou a atenção.
E assim a moradora mais experiente da casa com seus ouvidos mais afinados do que os demais foi a primeira perceber que algo estava acontecendo ao redor da casa.
Prontamente desceu escada subiu degraus olhou de um lado depois para outro parou escutou de novo, até localizar de onde vinha aquele toc toc que nunca foi percebido no silencio da sua morada.
Quando chegou mais perto de um pé de fícus com o tronco quase apodrecido que teve seus galhos cortados como resultado de uma poda drástica pode perceber algo diferente do normal.
E assim seus olhos quase saltaram ao ver a tamanha audácia da sua nova visita que em seu quintal se apossara da única arvore até então, e que sem nenhuma timidez continuava seu trabalho como se nada acontecesse ao redor.
Ecoava ele o seu enorme bico ao encontro da arvore o som era como se estivesse batendo um prego sobre a madeira e assim era o barulho que se ouvia naquela manhã.
Vários dias e semanas se passaram e lá se encontrava o nosso visitante que todas as manhas, inclusive durante o dia por repetidas vezes se mantinha firme em seu proposito que só ele conhecia.
O toc toc soava como algo nunca ouvido naquele quintal que já teve algumas surpresas mais ilustres, mas menos barulhentas, e mesmo assim o inusitado chamava atenção.
O tronco da arvore agora apresentava vários buracos arredondados onde em um deles é possível durante algumas horas do dia ver um pica pau como se ali fosse a sua residência oficial.
Parecia desconfiado, mas mesmo assim posava inclusive para algumas fotos e trazendo alegria a quem tivera a oportunidade de apreciar o espetáculo proporcionado pela natureza.
O nosso fícus parece não se incomodar com o novo morador que voa para longe e pouco tempo depois retorna, fazendo isso várias vezes ao dia, durante semanas.
Um dia sem que ninguém pudesse ao menos se despedir ele vai, mas não retorna, duvidas pairam em nossas cabeças sobre o destino do nosso visitante.
Qual o verdadeiro paradeiro do pica pau que deixou para traz sua morada no fícus que parece também sentir sua falta, os buracos ficaram vazios e sem vida esperando o seu retorno.
Ficamos na saudade, as vezes ainda se ouve o toc toc em um pensamento distante onde o tempo se encarrega de nos lembrar, mas o silencio logo vem.