Desequilibrada?

Devia ter uns 8 anos na época. A menina sempre acompanhava sua tia nas missas. Numa ocasião foram à uma Igreja mais distante de onde moravam e era a primeira vez que entrara lá. Logo sua tia foi dizendo: "Quando entramos pela primeira vez em uma Igreja, podemos fazer três pedidos para Deus." A mulher ajoelhou - se e, imitando o gesto de sua tia, a menina também se ajoelhou.

Não tinha três pedidos. Tinha apenas um. Que seus pais não brigassem e que a mamãe não fosse maltrada mais.

O tempo ia passado, a menina seguia sua rotina, da escola pra casa e, depois das tarefas, brincar com suas bonecas que "falavam" e "entendiam" tudo que ela dizia.

Foi num desses momentos de fantasia em que conversava com suas bonecas que a menina recebeu um forte grito. " Essa menina é doente mesmo". A garotinha não entendeu nada... não estava doente! Não tinha febre e nem a garganta inflamada. Mas uma coisa ela sentiu... dor.

Já adolescente, continuava a ouvir os gritos do pai constantemente. Na escola ela "voava"... sempre entrava em recuperação. Era aluna que lutava pra não perder a média. Sim. A nota média bastava.

Gostava de ficar sozinha, sem muitos colegas por perto e adorava se refugiar na Biblioteca da escola.

A menina, agora uma mocinha foi levada ao psiquiatra. Estava com 16 anos.

Todas as semanas ia para uma sessão de terapia na qual colocavam uns eletrodos em sua cabeça. Pouco ela entendia, muito ela chorava. Sentia - se muito, muito diferente de todo o resto do mundo.

Cresceu. Lutou. Chorou tantas e tantas vezes...

Certamente agora já é mulher feita. Talvez tenha se

casado... será que tem filhos? Uma coisa é certa: sendo agora uma mulher, não pode mais chorar num Conselho Tutelar...

Stela Maria (V.C.S.)

29/09/21

Valéria Cocenza
Enviado por Valéria Cocenza em 29/09/2021
Código do texto: T7353150
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