Flor Exótica
Estava lendo sobre uma mãe, que durante nove anos fez tudo que pode para ter um diagnóstico sobre a saúde de seu filho.
Ela sabia que ele era diferente. Assim como sempre teve consciência que todos somos únicos e especiais, que todos temos limitações físicas, cognitiva ou emocional.
Mas a família de seu marido, pessoas muito cultas, sempre a acusaram de buscar cabelo em ovo, não admitiam que a criança tendo o gen de pessoas "perfeitas" pudesse ter um problema.
Um dia uma das profissionais que acompanhavam esta criança, aconselhou que a mesma fosse morar com o pai, pois este conheceria melhor seu filho e aprenderia respeitar estas diferenças e ama-lo como ser lindo e especial.
Está mãe sentiu muito medo e tristeza ao se separar do seu bebê mas, sabia que seria para o bem dele. Hoje , está criança já é um homem e foi diagnosticado com espectro de autismo.
Anos depois, esta mesma mulher encontrou um companheiro. Os olhos deste companheiro lhe emocionaram e de alguma forma lembrava seu bebê. Sabia que em nada se pareciam.
Quando sintomas começaram a aparecer, ela recomeçou a batalha por um diagnóstico para seu companheiro. A família dele a acusava de ser causadora dos problemas que se apresentavam. Foram quatro anos, até que os médicos conseguissem montar um diagnóstico de Eplepsia Lobo Frontal . Onde os sintomas vão de perda de memória a demência. Mesmo diante do diagnóstico a família não aceitava. Alegando que ele sempre fora diferente por ter a personalidade muito forte e só adoeceu quando sua mulher apareceu.
Está mesma mulher, já cansada de ser rotulada e discriminada. Buscou um médico. Pois, ela própria era diferente. Sempre fora rotulada como chorona, fraca, era a "coitada" diante de seus irmãos, aquela que só via as coisas negativas.
Ela própria dizia que era muito inteligente cognitivamente mas era emocionalmente burra.
Após alguns testes, os médicos descobriram que desde a mais tenra infância está mulher sofria de depressão recorrente crônica.
Tendo em mãos este diagnóstico, foi um choque e um alívio. Pois agora sabia que tinha uma doença, que independia da sua escolha. Chocada por ver que assim, como a família do seu ex marido,a família do seu atual marido e a sua própria família preferiram ignorar o problema ao invés de tratar.
Isto vem provar que, olhamos para o jardim do vizinho, detectamos ervas daninhas e até palpitamos como resolver o problema. Mas , quando está erva está no nosso jardim preferimos acreditar que é uma flor exotica. Para não precisar procurar a solução para ela.