O VIZINHO DA CASA AO LADO
Sempre tive muita criatividade, invento diversas brincadeiras e às vezes penso coisas erradas sobre as pessoas que não conheço direito, como pensava sobre o senhor Aroldo, o vizinho do lado. Eu e meus amigos, Lia e Beto, sempre brincávamos pela rua. Na maior parte do tempo, investigávamos a casa 112, a da esquina, onde morava o senhor Aroldo, um idoso que quase nunca saía de casa e não era nada simpático. Quando me mudei, ele já morava naquela casa que vivia com as cortinas fechadas. Na rua, ele não tinha amigos e sobre seu passado ninguém sabia. Certa amanhã, por um milagre, seu Aroldo não estava em casa, havia saído. Foi então que tive uma ideia.
Entraria na casa e esconderia uma câmera e, se sobrasse tempo, investigaria a casa da pessoa que eu achava que fosse um bruxo. Chamei meus amigos e contei-lhes o plano. Com o auxílio de uma escada, pulamos o muro, o qual separava a minha casa e a do Senhor Aroldo, e entramos pelos fundos. Escondemos a câmera e começamos a investigar. De súbito, ouvimos um barulho de chaves na porta frontal. Era o seu Aroldo chegando a casa. Quando nos viu, ficou furioso, mas depois nos surpreendeu.
Ficou mais calmo, e disse que nos via pela janela. Foi então que contou que era viúvo há quatro anos e que, após isso, nunca mais socializou. Ficamos horas conversando. Quando anoiteceu, fui embora, desta vez pela porta da frente, e com um amigo que guardaria para o resto da vida.