Sozinho
O hidroavião voava solitário.
Checou o painel e estava tudo certo. Girou o manche para a esquerda e empurrou o manche.
O hidroavião desceu e sobrevoou sobre a água, entre as montanhas cobertas de Pinheiros. Era um lugar totalmente desconhecido para o mundo, não pra ele.
Olhou para as bolsas cheias e a garrafa de uísque fechada. Tudo certo.
O hidroavião atingiu a água e pousou com uma certa força. Ele controlou a velocidade e estabilizou. O Havilland Dhc2 estava seguro na água. Taxiou até o deck na margem sul oeste do lago.
Saltou com as bolsas cheias de dinheirosl e jóias, penduradas nas costas e a garrafa de uísque na mão.
Morava numa grande cabana de madeira escondida pelas árvores de pinheiro. Apesar do sol de fim de tarde, a noite traria o frio gelado. Sorte que havia cortado bastante madeira para a lareira. Largou as bolsas sobre a mesa da sala. Tirou o cinturão onde guardava a munição e o Colt navy 1851 .45mm. respirou fundo.
Quando a noite chegou já estava de banho tomado, o fogo aquecendo todo o ambiente. Sobre a mesinha o Colt limpo e desmontado. Jantou o belo pedaço de pernil.
Sentou ma velha poltrona, com um livro Os três mosqueteiros aberto na página 48, o lampião aceso.
Teve dias de ação, outros dias de bebedeira.
Tudo que precisava agora era deixar a mente livre, se distrair com um bom livro e um trago de uísque.
Estava cansado das lutas, de trocar tiros e murros pelo ouro. Muitas batalhas. Mas de todas as guerras a que ele estava mais cansado de lutar era a guerra mental. Sua cabeça doía e não era por causa do uísque.
Estava cansado e fatigado. Carregava um imenso fardo.
Suspirou e acendeu um cigarro Seven Stars. Se concentrou no livro.
Uma coruja piou e em resposta um uivo de lobo.