Coração Amarelo
Era uma vez um homem sem camisa, sentado com seu filho,
um garotinho com uma jaqueta amarela de capuz.
Estavam tirando autorretratos em um local arejado e limpo,
dois dias antes da primavera, com uma sensação extra
de que os minutos, os sons e as cores podiam descrever
energias e pulsos de vida.
Era uma segunda-feira de igualdade,
com o pai presente, companheirismo e alegria.
Os olhos afiados do pai, talvez por defesa,
mostravam serenidade e justiça, quase inabalável.
Seus pensamentos eram leves e esperançosos.
O garotinho de jaqueta amarela era enérgico,
não tinha papas na língua e costumava chorar quando queria algo,
mas também gargalhava despretensiosamente,
com sua força de viver e uma infância simples.
Com quase quatro anos de idade, já investigava
monstros alados e cidades apocalípticas,
algo comum na infância, tentando resolver os problemas do mundo
com suas primeiras palavras.
Ele imaginava cenários, dava nome e vozes aos objetos.
O pai sem camisa, de peito aberto, guardava com cuidado
cada registro, sabendo que a infância passa rápido demais.