Um clichê
Sabe, Bianca. Ele olhou para ela, alisou a ponta dos bigodes longos e sorriu.
A questão é que nunca fui bonito, simplesmente me dou o luxo de isar uma enorme barba crespa ou um bigode longo e penteado sem me preocupar se agrado. Não preciso ficar bonito ou feio, preciso é continuar sendo eu. Ele virou a última dose de conhaque e beijou o canto de sua boca. Colocou a boina e abotoou o casaco, saiu. Noite fria.
Bianca sentiu o gosto de menta misturado ao conhaque, no canto de sua boca. O beijo recente ainda esquentava o seu rosto. Pegou sua bolsa e correu até ele. Alcançou- o quando atravessava o sinal. Se enroscou no braço dele e se aninhou, estava muito frio.
Eu acho que você é um clichê exagerado, Charva. E você pode ser feio, mas o acho bastante charmoso. Vem eu moro perto daqui...
Charva ficou surpreso, depois sorriu de um jeito natural e deixou Bianca o guiar para o outro lado.
É, pequena...eu sou clichê exagerado. Um clichê sempre vai bem...