MODOS...
Num bairro residencial em Porto Alegre (RS), havia um senhor bem idoso que mal conseguia caminhar. Não tinha esposa, filhos ou parentes próximos. Por companhia, apenas uma cuidadora que recebia um salário miserável, pela qual demonstrava grande desprezo e tratava grosseiramente. A moça detestava o trabalho, mas o desemprego estava em alta, era a única forma de conseguir dinheiro para pagar os estudos. Ia todos os dias à casa do senhor e, a cada dia, ele estava mais estúpido, antipático e agressivo. Pedante e mesquinho, não suportava esperar por algo, tinha que ser sempre quando e como queria se não havia uma sequência de desaforos à pobre funcionária, a quem ameaça agredir. A jovem estava mentalmente exausta, à beira de ter um colapso; porém, ia resistindo para realizar seu sonho, ser diplomata. Certa manhã, acordou mais agressivo que o normal e deu-lhe um tapa no rosto. Segundo ele, a moça estava demorando muito para passar seu café. A funcionária, chocada com a situação, pegou sua bolsa e saiu correndo da casa. Estava indignada por ser tratada de forma tão antipática por uma pessoa que cuidava com o maior carinho há dois anos. No outro dia, retornou ao trabalho, iria revidar os desaforos, antes respondia com elegância. Dera-se conta que sua não fora suficiente para o idoso se dar conta do quão grosseiro era. Uma semana, após tentar por seu plano em prática, recebeu a notícia que tinha passado em concurso. Não pensou duas vezes em aceitar a vaga e largar o trabalho de cuidadora. No fim do dia, deixou a casa, na qual nunca mais voltou. Três anos se passaram e, no bairro, ninguém sabe informar se o idoso está vivo ou morto.