MADRUGADA AFORA

   Pairou no ar uma sensação de incerteza depois que ela saiu, nunca havíamos brigado dessa forma e logo aqui em uma mesa de bar numa madrugada fria. Já estava até decidido a ir para casa, a bebida já me consumia a razão e ela também não ficava para trás, bebeu demasiadamente ao ponto de chegarmos a uma discussão sem muito sentido, levou até as chaves do nosso carro e me deixou a ver navios, só percebi depois que ouvi o ronco do motor. Lá vai eu madrugada afora pelas ruas desertas tentando caminhar, mas as pernas não ajudavam. A lua era minha companheira nesse momento, clareava tudo. Me lembrei do celular para pedir um carro de aplicativo, decepção, o aparelho estava totalmente descarregado. E agora?

Me veio a mente a lembrança de Aurora, aquela gostosa gata que me assediava no trabalho, eu que me fazia de besta com medo de algum problema, ela era noiva e tinha pretensão de casar. Mas o tesão não suporta muito tempo e eu acabei caindo nas suas garras. Num motel Aurora demonstrou ser uma excelente profissional do sexo, me ensinou coisas que eu não ousava fazer com Rosa, minha mulher. Fiquei pasmo e permanecemos nessa situação por um bom tempo, até que ela resolveu casar e me dispensou. Por uma parte até achei bom. Olhei o relógio, já passava das três da madruga e eu ali pensando em Aurora. O cansaço e a cabeça rodando me fez sentar em uma calçada, foi nesse momento que um carro parou próximo a mim, visualisei com atenção e percebi que era o meu carro. A porta se abriu e Rosa, arrependida, me pôs para dentro e fomos para casa. Me pediu desculpas e fizemos amor até o dia quase amanhecer.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 29/08/2021
Código do texto: T7330788
Classificação de conteúdo: seguro