Háiro
Saiu da grande ilha para a menor - essa, apesar de fazer parte das Nações, era autocéfala, mas respeitava a autoridade do imperador. Um respeito afetivo de ambas as ilhas: a aceitação dos nativos de Ília aos filhos de Háiro; irmãos separados apenas pela terra.
Esse bom relacionamento secular trazia muitos benefícios: Háiro, com desenvolvimento estagnado desde o Cataclisma, aceitava os estudantes de Ília que, apesar de também ter passado pela dor da invasão, evoluiu bem mais tecnologicamente, lá iam para fazer pesquisas antropológicas, biológicas e outras naquele torrão puro e tão diferente de qualquer um.
Eram poucos os que tinham esse privilégio.
Empecilhos sociais (a diferença idiomática) e místicos...
De fora, só lá poderia pisar quem estivesse de alma limpa.
Por isso, era feita uma seleção minuciosa para escolher os pouquíssimos que lá iam.
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Em Hino, vilarejo ao Leste, que fica ao sul das montanhas, estava um jovem estudante a escrever um artigo a falar sobre a população daquele lugar.
Explicitava o modo sempre leve, gentil e inocente daquele povo. Julgava não terem sido infectados pelo mal do mundo social contemporâneo; uma "vantagem" de estar atrasado dezenas de décadas. Registrava o modo sempre leve e tranquilo dos cidadãos, a ocorrência costumeira de crianças correndo, brincando, explorando... A (não) falta que certas tecnologias - celulares, computadores e afins - fazia àquela sociedade. Era como se estivessem na Era Medieval - certo que mais sofisticado que isso, não era um país de paus e pedras; havia tecnologia, mas não como a dos outros países.
Dizia sobre o bem-estar perene de estar ali. Uma sensação de leveza em tudo. Parecia que aquele lugar era melhor em tudo que pudesse ser comparado. O ar era melhor, a fauna, a flora, o povo...
Registrou a existência de algumas espécies que podia jurar não haver em mais nenhum canto no planeta...
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