O Óbvio Ululante
A professora não percebeu o burburinho vindo do fundo da sala de aula, quando as colegas passavam à Leozinho, o caderno da Lívia, a melhor aluna do 7o ano. Afinal, as questões com respostas completas estariam às mãos dele quando a Dona Irene chegasse até à cadeira de número onze.
A mulher de meia-idade, óculos na ponta do nariz, ia arguindo um a um dos alunos sentados na primeira coluna, seguindo naquele dia, da direita para esquerda até findar as questões do exercício de geografia.
Chegou à Pedro, o garoto mais silente da turma, sentado na cadeira anterior à de Leozinho.
- Pedro, muito bem! Questão número 10. Qual é a estrutura geológica do Brasil?
Pedro se levantou, em sinal de respeito, e disse à mestra que o perdoasse, mas devido ao velório da avó materna no dia anterior, não teria feito o dever de casa.
A professora olhou para o aluno com ares de desconfiança. Manifestou secamente seus sentimentos à passagem da "senhora sua avó" e disse que ele não teria os pontos da atividade pois o dever estava encomendado havia uma semana, portanto, "teria tido tempo suficiente para fazê-lo".
Imediatamente chamou por Leozinho, e ordenou que ele respondesse para Pedro qual era a formação geológica do Brasil.
O menino, que estava atento às anotações de Lívia, respondeu sem titubear:
- Sim! É formada por cratos e bacias sedimentares, professora. Os cratos são estruturas antigas de aproximadamente três bilhões de anos e as bacias sedimentares foram formadas há uns duzentos mil anos.
- Muito bem, Leonardo, levará total! Gostei da sua assertividade!
O menino sorriu com ares de sabichão, enquanto as meninas riam disfarçadamente, cúmplices da armação para salvar o garoto mais bonito e popular da sala.
A arguição seguiu até que a sirene tocou e os alunos foram dispensados para o recreio. Dona Irene se despediu da turma e voltou-se para Pedro recomendando que não matasse mais nem um pernilongo para se livrar da atividade de classe.
Pedro estava tão entristecido com a perda da avó que não teve forças, nem vontade de explicar a ela, o que era óbvio ululante.
A professora não percebeu o burburinho vindo do fundo da sala de aula, quando as colegas passavam à Leozinho, o caderno da Lívia, a melhor aluna do 7o ano. Afinal, as questões com respostas completas estariam às mãos dele quando a Dona Irene chegasse até à cadeira de número onze.
A mulher de meia-idade, óculos na ponta do nariz, ia arguindo um a um dos alunos sentados na primeira coluna, seguindo naquele dia, da direita para esquerda até findar as questões do exercício de geografia.
Chegou à Pedro, o garoto mais silente da turma, sentado na cadeira anterior à de Leozinho.
- Pedro, muito bem! Questão número 10. Qual é a estrutura geológica do Brasil?
Pedro se levantou, em sinal de respeito, e disse à mestra que o perdoasse, mas devido ao velório da avó materna no dia anterior, não teria feito o dever de casa.
A professora olhou para o aluno com ares de desconfiança. Manifestou secamente seus sentimentos à passagem da "senhora sua avó" e disse que ele não teria os pontos da atividade pois o dever estava encomendado havia uma semana, portanto, "teria tido tempo suficiente para fazê-lo".
Imediatamente chamou por Leozinho, e ordenou que ele respondesse para Pedro qual era a formação geológica do Brasil.
O menino, que estava atento às anotações de Lívia, respondeu sem titubear:
- Sim! É formada por cratos e bacias sedimentares, professora. Os cratos são estruturas antigas de aproximadamente três bilhões de anos e as bacias sedimentares foram formadas há uns duzentos mil anos.
- Muito bem, Leonardo, levará total! Gostei da sua assertividade!
O menino sorriu com ares de sabichão, enquanto as meninas riam disfarçadamente, cúmplices da armação para salvar o garoto mais bonito e popular da sala.
A arguição seguiu até que a sirene tocou e os alunos foram dispensados para o recreio. Dona Irene se despediu da turma e voltou-se para Pedro recomendando que não matasse mais nem um pernilongo para se livrar da atividade de classe.
Pedro estava tão entristecido com a perda da avó que não teve forças, nem vontade de explicar a ela, o que era óbvio ululante.