Ilhota
Uma tristeza que só quem sentia tinha ciência que existia - ou, pelo menos, era a única pessoa que se importava; já que demonstrava. Uma solidão oriunda do descaso, do esquecimento, do deixa-pra-lá. Um alguém estagnado numa ilhota tão curta que não sabe se pisa n'areia ou na água, se flutua nela ou não... Sem uma única gota, se afoga. Assim é, todo dia constatando. Ouvindo, além dos múrmuros e das gaivotas, gargalhadas e conversas alegres ao longe-não-longe. É olhar para um lado e perceber o descaso, é olhar para o outro é constatar a solidão. É ouvir, raras e insinceras vezes, a mesma voz de sempre a falar (por obrigação) - mais um jeito de livrar-se do sentimento de culpa do que qualquer coisa. Aí é que aproveita para demonstrar, mas sempre acontece o mesmo. Já nem sabe se são cínicos ou apenas burros mesmo, porém... acaba se conformando. Vem, então, a auto-crítica-suicida: nada além de própria culpa... Armadilha própria, automutilação, juiz a julgar o réu que é ele mesmo. Até esquecer do assunto e distrair-se com alguma pena branca que cai em seu pedacinho de "chão"; se entretendo em não deixar o mar levá-la.