O Violador
Não fora os olhos devassos e dir-se-ia que Armando era um poço de virtudes, um Maio manso, um sol tímido. Quando estalou o escândalo acharam que seria outro Armando, outro homem com a identidade dele, outro tipo a vestir-lhe os modos antes de atacar. Todos, do notário à amante do padre, garantiam a pureza do filho da terra, a malandragem com que se acompanhava a vítima e definiram os campos para a batalha que não haveria. Muitos a favor do rapaz e algumas abstenções garantiam uma definitiva inocência. Abertas as portas do Tribunal, o povo precisou de ser ameaçado de expulsão para que se calasse e uma eternidade de poucos minutos mostrou o banco dos réus sem ninguém. A seguir, encapuzado com a roupa, rosto no chão, passos arrastados , entrou um Armando magro, seco, humilhado. – Sim, Senhor Juíz. Teve de ser à força porque ela não queria!