JOÃO NINGUÉM DA PRAIA
Eu sou João ninguém da praia
Um menino de quinze anos nascido
E criado numa casinha de cachorro
Sozinho no mundo, norte não existe
O que existe é muita fome, e falta de sorte.
Toledo é um amigo invisível aonde choro no seu
Ombro as minhas tristezas, três dias para o natal
E eu descalço com frio, meu estômago vazio não sei
Quem me pariu ou porque fui parido, diante da fome
Tenho que Ludibriar a mente cheirando cola.
Assalto velhinhas surrupio carteiras arrependido
Na primeira igreja me ajoelho diante do crucificado
Ainda não virei bandido por conselhos de Toledo
Sonho sempre com meu extermínio não há sentido
Viver assim, ninguém oferece emprego a uma
Criatura negra franzina e desnutrida.
Vivo onde vive o perigo a tentação e muita, mas
Ainda não tenho as mãos sujas de sangue. Ah! estou
Com água na boca diante dessa maquina de assar frango
Que chamam de televisão de cachorro estou faminto...!
Não derramo lágrimas porque não as possuo mais.
Eu lhe digo mundo
Não te decodifico
E nem te engulo
Eu não te entendo mundo!