JOÃO NINGUÉM DA PRAIA

Eu sou João ninguém da praia

Um menino de quinze anos nascido

E criado numa casinha de cachorro

Sozinho no mundo, norte não existe

O que existe é muita fome, e falta de sorte.

Toledo é um amigo invisível aonde choro no seu

Ombro as minhas tristezas, três dias para o natal

E eu descalço com frio, meu estômago vazio não sei

Quem me pariu ou porque fui parido, diante da fome

Tenho que Ludibriar a mente cheirando cola.

Assalto velhinhas surrupio carteiras arrependido

Na primeira igreja me ajoelho diante do crucificado

Ainda não virei bandido por conselhos de Toledo

Sonho sempre com meu extermínio não há sentido

Viver assim, ninguém oferece emprego a uma

Criatura negra franzina e desnutrida.

Vivo onde vive o perigo a tentação e muita, mas

Ainda não tenho as mãos sujas de sangue. Ah! estou

Com água na boca diante dessa maquina de assar frango

Que chamam de televisão de cachorro estou faminto...!

Não derramo lágrimas porque não as possuo mais.

Eu lhe digo mundo

Não te decodifico

E nem te engulo

Eu não te entendo mundo!

SAM MORENO
Enviado por SAM MORENO em 10/11/2007
Reeditado em 14/08/2018
Código do texto: T731035
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.