Alecrim dourado...
De repente a vida estava diferente. Tudo seria carregado de uma dose a mais de dificuldade. Joana olhou para o mundo ao seu redor e tudo pareceu mais distante, intocável, além do que seus braços poderiam alcançar. Quis chorar mas logo um pensamento repreendeu-lhe como nos repreende um pai austero e ela, com os olhos úmidos, entendeu que de nada adiantaria se lamentar. Dali em diante a cadeira com grandes rodas seria a única opção para se locomover. Sabia que dependeria de outros braços para buscar coisas guardadas nas prateleiras mais altas de qualquer lugar. - Sim! Uma voz interna, meiga e afetuosa, lhe disse como lhe diria sua mãe: - Você terá apoio, tem seus filhos, tem Efigênia... Não será como antes mas a tudo se adaptará aos poucos!
Joana limpou os olhos e rolou as mãos pela rodas delgadas até chegar à varanda donde podia ver o sol poente. Uma pontada de alegria brotou timidamente no seu coração. Uma música da época da escola, tão cantada na infância, ela ouviu nos recônditos da sua mente... A criança que ela foi tentava ressurgir e alegrá-la ao ver mais uma vez, o enigmático pôr do sol.
Esfriava a cada minuto. Quis se agasalhar mas até retornar para o interior da casa ou pedir ajuda, já cairia a noite e ela preferiu ficar ali. Imóvel. Sentindo na pele o frio ou talvez o calafrio próprio dos tempos que se aproximavam.
Sem pensar em nada viu a noite se deitar na serra distante e as primeiras estrelas despontarem no manto que ia enegrecendo devagar.
Estava absorta quando a gatinha pulou no seu colo e aninhou-se devagar como habitualmente fazia. Acariciou o animal e cantou com a sua criança interior... "Quem te disse assim, que a flor do campo é o alecrim?".
De repente a vida estava diferente. Tudo seria carregado de uma dose a mais de dificuldade. Joana olhou para o mundo ao seu redor e tudo pareceu mais distante, intocável, além do que seus braços poderiam alcançar. Quis chorar mas logo um pensamento repreendeu-lhe como nos repreende um pai austero e ela, com os olhos úmidos, entendeu que de nada adiantaria se lamentar. Dali em diante a cadeira com grandes rodas seria a única opção para se locomover. Sabia que dependeria de outros braços para buscar coisas guardadas nas prateleiras mais altas de qualquer lugar. - Sim! Uma voz interna, meiga e afetuosa, lhe disse como lhe diria sua mãe: - Você terá apoio, tem seus filhos, tem Efigênia... Não será como antes mas a tudo se adaptará aos poucos!
Joana limpou os olhos e rolou as mãos pela rodas delgadas até chegar à varanda donde podia ver o sol poente. Uma pontada de alegria brotou timidamente no seu coração. Uma música da época da escola, tão cantada na infância, ela ouviu nos recônditos da sua mente... A criança que ela foi tentava ressurgir e alegrá-la ao ver mais uma vez, o enigmático pôr do sol.
Esfriava a cada minuto. Quis se agasalhar mas até retornar para o interior da casa ou pedir ajuda, já cairia a noite e ela preferiu ficar ali. Imóvel. Sentindo na pele o frio ou talvez o calafrio próprio dos tempos que se aproximavam.
Sem pensar em nada viu a noite se deitar na serra distante e as primeiras estrelas despontarem no manto que ia enegrecendo devagar.
Estava absorta quando a gatinha pulou no seu colo e aninhou-se devagar como habitualmente fazia. Acariciou o animal e cantou com a sua criança interior... "Quem te disse assim, que a flor do campo é o alecrim?".