Não posso dormir sem sentir e quase enxergá-los “pairando no ar”. São aqueles pelinhos brancos dos travesseiros misturados aos meus próprios que bailam em frente ao meu rosto quente, ainda que faça frio. Microrganismos nas rajadas de vento do ventilador e em baixo da cama: um verdadeiro “Império do Podre” assim como nas esquinas lá fora. Numa pré enxaqueca eu tanto não me mover. Não respirar; Não usar a boca; Não me coçar (iniciar uma coceira é complicado, pois o fim é incerto). “Me levantar, organizar a posição dos travesseiros e também livros na estante…?”. Lembro das sombras que automóveis faziam no teto quando eu era menino e me sentia exatamente assim como agora. A escola às 7:30 da manhã me atormentava bem mais que as três “Maria Sangrenta” ditas na frente do espelho do elevador sob pressão dos amigos, segurando uma lanterna ou uma vela. Havia no corredor de casa um quadro de uma mulher com flores na cabeça e nós nunca trocávamos olhares. Encarava o chão e contava as linhas dos pisos de madeira. Será que existe uma forma confortável de se dormir no banheiro? Menos poeira. Menos “ácaros” (embora não saiba direito quem são e nem queira saber). Menos INFORMAÇÕES… Talvez, mover uma poltrona até o box. Um novo estofado no vaso. Mas então se pareceria com um quarto. Se transformaria em um quarto. E eu NÃO QUERO FICAR no quarto. Pois lá existem pelinhos brancos de travesseiros… que misturados aos meus pelos, bailam em frente ao meu rosto quente, ainda que faça frio, e então…